O Brasil ainda tem muitos “nós para desatar” antes de conseguir superar a crise e avançar. O presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE-MG), Sérgio Frade (foto), é um otimista em relação ao país. Para ele, as empresas foram drasticamente afetadas pela crise e a demora nas investigações da Lava Jato acabam prejudicando na retomada do crescimento, por deixar uma instabilidade muito grande. A opinião de Frade falta ao governo sensibilidade para agir, principalmente em relação as obras de infraestrutura, que para ele, ajudariam o país a sair mais rapidamente da crise.
O ano de 2017 foi o de superação da crise econômica?
Nós conseguimos em 2017 vencer uma crise muito profunda. Uma crise que afetou drasticamente as empresas, afetou no rendimento, acelerou ainda mais a questão do desemprego e vimos algumas empresas cada vez mais envolvidas com a falta de ética nos negócios. Vivenciamos uma crise realmente terrível. Se pensarmos, ao mesmo tempo que enquanto o mundo evoluiu em tecnologia, até na saúde das pessoas existe uma tecnologia muito acentuada, que traz um benefício para todo mundo, nós ainda estamos vivenciando toda uma crise, que deixa todo mundo em uma instabilidade muito grande. Nós, em 2017 vivenciamos muito isto. Um dos pontos que nós verificamos, como um agravante, é a demora nos processos de investigação da Lava Jato. Ela é importante, ela é necessária, ela é imprescindível para colocarmos o país no mundo. Só que isto está demorando muito, obviamente, em decorrência dos processos judiciais, das idas e vindas e dos contratempos no meio do caminho. Mas essa demora é ruim, porque gera instabilidade, uma insegurança em todo o mundo, então, talvez esse seja o ponto principal. Vamos acelerar isso, porque precisamos sair disso o mais rápido possível.
Pelo cenário que se desenha, 2018 será melhor?
O cenário é melhor. Os índices econômicos já indicam essa melhora. A economia começa a entrar em um processo de recuperação, ainda que lenta, se comprada ao que vemos no mundo. É um cenário melhor. Vai ter um momento importante neste ano que é a eleição, mas os empresários já estão tirando os seus projetos da gaveta. Já é um passo.
Há uma reclamação de que não há segurança no país. O aumento da violência tem assustado não só a população, mas também aos estrangeiros. Como resolver essas questões?
A violência é uma questão de educação e temos que trabalhar na questão de valores. Resgatar esses valores que as pessoas estão perdendo e isso talvez seja um pouco influenciado por uma minoria, que quer enxergar o mundo diferente, com mais liberdade. Liberdade é preciso ter, não é amarrar as pessoas, aprisionar as pessoas, não é uma questão de censura, mas é preciso resgatar alguns valores que são tão tradicionais e importantes na nossa vida. Costumo dizer, e sou extremamente realista em relação ao Brasil, que nós temos um país onde é onde é preciso se fazer tudo, principalmente em infraestrutura.E infraestrutura significa geração de emprego, geração de mão de obra, principalmente na parte da construção civil. Se temos um país com a dimensão continental como é o Brasil, com a população que tem, nós podemos ir longe. Nós vamos criar empregos através da construção civil, que está ligada a carência de infraestrutura. Se o governo fosse um pouquinho mais organizado, e dedicasse mais atenção para os investimentos em infraestrutura, nós iríamos sair dessa crise mais rápido.
Qual o papel das pessoas nesse processo?
Tudo depende de nós. Somos ainda uma democracia imatura, ainda em fase de amadurecimento, vivenciamos várias crises e sair dessa crise depende de nós, de cada um, das nossas atitudes para fazer com que nós possamos mudar. Por sermos uma democracia ainda imatura, ainda precisamos trabalhar nessa questão de saber escolher os nossos representantes. Em 2018 nós temos todas as chances para isso. Nunca vimos tanta transparência nesses processos todos de corrupção, de ética e tudo mais que está aí. Um país melhor depende de cada de nós, de atitudes. Acredito que se conseguirmos dar um passo neste ano e melhorarmos a qualidade dos nossos representantes, será um processo de evolução que não terá volta.