Desde que assumiu a Secretaria de Desestatização, no início do governo Bolsonaro, o empresário Salim Mattar (foto) deixou a direção da Localiza, maior empresa de aluguel de carros da América Latina e, mesmo depois de deixar o governo, no início deste ano, decidiu entrar em outra fileira. Ele dedica o seu tempo a defender o liberalismo. Existem, segundo Mattar, mais de 120 institutos liberais e a ideia é saber o que cada um pensa e o que está sendo elaborado em termos de projeto e intensificar esse debate. O empresário acompanha de perto a economia brasileira e critica a decisão dos congressistas de derrubarem o veto do presidente à desoneração da folha de pagamento de 17 setores.
A derrubada do veto do presidente Bolsonaro à desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia desagradou a muitos, inclusive ao senhor, por que?
Porque foi somente para alguns, não para a sociedade toda. Foi só para 17 setores. Isso é coisa do PT. Eram 37 setores e era para acabar com isso, mas foi postergado para 2020 e iria acabar agora em dezembro para acabar com os privilégios. Por que só esses 17, porque não todas as empresas? Os deputados e senadores derrubaram os vetos do presidente e mantiveram a folha desonerada até 2021. É difícil acabar com privilégios, que depois devem ser prorrogados para 2022. Pode ser que sim.
Nós percebemos um descompasso dentro do próprio governo. O ministro da Economia quer segurar os recursos e os ministros do Desenvolvimento Regional e o de Infraestrutura brigam por mais recursos. Esses atritos prejudicam o governo?
Isso é natural em uma democracia. Isso é a democracia, um quer construir, outro quer segurar, isso é um fato absolutamente democrático. Um quer fazer obras e o outro precisa segurar o caixa. Isso é absolutamente natural e democrático. Não tem nenhuma desavença.
O Brasil está com quase 14 milhões de desempregados, ou 14% dos trabalhadores. Como retornar com todas essas pessoas para o mercado de trabalho?
São 14 milhões de desempregados só na iniciativa privada. Em relação aos servidores é zero por cento, é justo isso? O governo baixou um decreto permitindo a redução da jornada de trabalho e, por consequência, a remuneração para manter os empregos. Tentou-se fazer o mesmo com o servidor público e o Supremo Tribunal Federal não deixou. Esse é um exemplo do que acontece no Brasil. Somente a iniciativa privada paga a conta.
Após a fase mais grave da pandemia, a economia está se recuperando?
Alguns setores da economia estão muito bem. A construção civil está bombando, tanto que está faltando material de construção. A indústria automobilística está voltando, mas alguns ainda não voltaram ao normal, como as companhias aéreas. Bares e restaurantes também não voltaram ainda. Alguns setores da economia estão indo muito bem, outros não. O ministro Paulo Guedes tem insistido de que a economia brasileira vai voltar em V. Isso é possível? Talvez seja possível, mas vamos ter que esperar, mas pode ser que a economia volte em V.
Depois desse contato com a política e com os políticos, existe a possibilidade de uma candidatura sua em 2022?
Não. Depois da experiência no governo não tenho interesse em cargo eletivo. Nunca tive. Aceitei aquela função no Executivo por um período, mas sou um indivíduo privado, não sou de governo. Não pretendo me candidatar a nada.
Em relação ao governo de Romeu Zema, ele tem enfrentado muitas dificuldades. Há algum conselho para que ele possa colocar as contas do Estado nos eixos?
Encontro raramente com o Zema. Mas ele está fazendo o melhor governo do Brasil. Isso é fundamental saber, porque o governo de Minas foi quebrado pelos governos anteriores. O estado com a pior situação financeira era Minas Gerais e o Zema está fazendo um trabalho espetacular. As coisas estão muito difíceis no governo, ele não tem maioria na Assembleia Legislativa, mas é o melhor governo de Brasil. O rombo era tão grande, de quase R$ 20 bilhões, é difícil resolver tudo em dois anos. Veja que falei governos anteriores. O Pimentel acabou de destruir, mas o Estado já estava ruim.
O desempenho do Novo, está dentro das expectativas?
Não sou filiado do Novo, é bom registrar isso. Sou um entusiasta do partido, que tem um quadro bom. Os deputados do Novo têm um desempenho excepcional na Câmara Federal. Apoio não só os deputados do Novo, mas principalmente o Novo. A maioria da ajuda foi para vereadores e prefeitos do Novo e de outros partidos que sejam liberais. O meu objetivo é contribuir para a melhoria da qualidade dos nossos eleitos. Contribuir porque a melhoria do Brasil passa pela política. Melhorar a qualidade dos nossos políticos é um caminho.