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Margarida Salomão: Alternância no poder é fundamental

A alternância no poder é fundamental e faz parte do processo democrático, segundo a prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (foto), do PT. Para ela, os movimentos contra o resultado das urnas partem da maioria do eleitorado do presidente Jair Bolsonaro. É uma militância ativa, mas pouco relevante.

Temos ainda alguns ruídos de bolsonaristas que ainda não assimilaram a vitória de Lula. Como a senhora avalia esse momento?

Esse é um momento de transição. O Brasil estava muito polarizado, então é difícil, neste momento, ter a grandeza democrática de admitir que é fundamental o processo de alternância no poder. Aliás, esse é um grande legado da Nova República: um partido pode ser substituído por outro no processo político. Acho que esse mal-estar e esses ruídos estão se dissipando, vão se dissipar, até porque as instituições brasileiras dão sinais muito fortes de que nós estamos nos preparando para a travessia e eu acho que é isso que é importante nesse momento.

Com esse grupo que foi formado para a transição, o que vem por aí ?

É uma grande frente em favor da democracia. Tem até adversários históricos, como Fernando Henrique. Muitas vezes se enfrentaram, embora cordialmente, mas neste momento acharam que as suas convergências a favor do povo brasileiro e do país era o mais importante. Acho que a transição, que inclusive está sendo conduzida pelo ex-governador Geraldo Alckmin, tende a ser uma grande construção de consensos.

Muitos prefeitos, inclusive a Associação Mineira dos Municípios, fizeram um movimento pró Bolsonaro. O que os prefeitos tiveram do governo Bolsonaro e que agora vão cobrar do governo Lula?

Olha eu não vi nada no governo Bolsonaro, então não posso responder a primeira parte da sua pergunta. Eu tenho expectativas muito fortes com relação ao governo Lula, tanto para os municípios. Afinal de contas, o Lula foi o presidente que montou o Ministério da Cidade que, de fato, é onde as pessoas vivem e onde as principais políticas públicas precisam ser desenvolvidas. No que nos concerne nós, em Juiz de Fora, temos relações muito boas não só com o presidente eleito, mas com seu entorno, quer dizer, com os ministros e ministra que provavelmente que virão a compor o governo. São pessoas com quem eu lidei como deputado federal. Tenho expectativas muito positivas que de nós vamos abrir diálogos importantes.

Em nome dessa pacificação, acha que o PT deve ter menor participação no governo?

Acho que é normal que nós tenhamos participação importante, mas que será composta com os outros partidos que apoiaram a coligação no primeiro e no segundo turno e até mesmo quem veio depois. O presidente Lula abriu espaço agora na coordenação da transição, inclusive com o PSD e MDB, que não apoiaram muito expressamente. Claro, pedaços do MDB foram muito ativos no Pará, em Alagoas e são fundamentais, inclusive para governar o Brasil. Como é que você vai governar sem criar uma base parlamentar, que certamente será muito mais ampla do que a base da centro-esquerda.

O mercado está esperando uma resposta com a indicação de quem vai ser o ministro da Fazenda para se acalmar. Está demorando essa indicação?

O mercado já manifestou muita sabedoria. No dia seguinte ao da eleição do presidente Lula, o dólar mergulhou e a bolsa ascendeu. É claro que, nesse momento, você tem ruídos, tem oscilações, mas a minha expectativa é de que o presidente Lula, com experiência enorme que ele tem, inclusive de lidar com o mercado, conseguirá indicar um nome que vá assegurar esse bom diálogo.

Nesse movimento contrário as eleições, fala-se em comunismo, um discurso da década de 60. Ainda existe isso?

Olha, eu nem sei onde há comunismo no mundo. Não sei aqui o que essas pessoas aludem. Acho que elas estão vivendo aquilo que tecnicamente se descreve como dissonância cognitiva. Outro dia vim a saber que estavam festejando a prisão de Paulo Freire, que já morreu há mais de 10 anos, então não sei se é alguma coisa espírita né? Prenderam o espírito de Paulo Freire, ou alguma coisa assim. É muita tolice neste momento, que eu acho, inclusive, que não representa a maioria do eleitorado Bolsonaro. Acho que é uma minoria organizada, muito ativa, mas muito pouco relevante do ponto de vista da cena política nacional. (foto/Tião Mourão)

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