Uma das principais lideranças do setor de biocombustíveis o empresário Mário Campos (foto/reprodução internet), presidente da Bioenergia e organizador do evento “Etanol & COP 30: Liderança Brasileira Energética Global”, chamada por ele de “a nossa Pré-COP”, que aconteceu nesta sexta-feira em Belém, no Pará, garante que a cidade está preparada para receber a COP30. O evento é o encontro global anual das Nações Unidas que debate ações para combater as mudanças climáticas, que neste ano será realizado em Belém, entre 10 e 21 de novembro , mas enfrenta problemas com o alto custo das hospedagens. Nessa Pré-Cop, Mário Campos reuniu na região amazônica todo o setor de etanol, para debater o etanol na mobilidade sustentável e a questão do etanol como oportunidade para a substituição do combustível fóssil.
O que os empresários do setor de etanol buscam com esse encontro em Belém?
Fizemos um evento Pré-Cop, um evento do setor de etanol- que é uma prévia da Cop 30- que ocorreu aqui em Belém. Eu sou presidente, da Bioenergia Brasil e sou um dos organizadores do evento, junto com outras entidades. Ele ocorreu na sede da Federação das Indústrias do estado do Pará e o objetivo foi, justamente, o de definirmos nossa estratégia para COP, definir qual o papel dos biocombustíveis, em especial do etanol e trazer a nossa experiência, principalmente, em mobilidade sustentável e as experiências das empresas, na sustentabilidade da produção seja do etanol, seja a partir de cana ou a partir de milho. E com certeza, o que a gente quer na COP é, justamente, definir os biocombustíveis avançados, aqueles com uma pegada de carbono como alternativa ao combustível fóssil. E ter uma forma de medirmos, de forma clara, objetiva, e que os países possam aceitar isso dentro das suas estruturas futuras de mudanças na transição energética.
Há um temor de que a COP30 seja um fracasso, com pouca participação e sem definições importantes devido aos problemas enfrentados pelo governo para fazer o evento, como o alto preço das hospedagens. O setor teme que as conversas não avancem da forma que se esperava?
A nossa experiência na cidade foi muito boa, não tivemos problema de hospedagem, a recepção foi boa, o povo é acolhedor. A cidade está bem diferente, está realmente arrumada, bem diferente para aqueles que conheceram Belém há alguns anos. A cidade está pronta para receber, estão com toda a estrutura para receber a COP30 e estão de parabéns. A COP vai acontecer, se será com todos os países? Aí será uma escolha dos países e não sabemos como eles irão lidar com isso.
O presidente Donald Trump e o presidente Lula ensaiam uma conversa. Isso pode significar o fim dos problemas enfrentados por alguns setores? Ele mira, inclusive, na produção de etanol. O setor teme alteração nessa relação comercial com os Estados Unidos?
Nós temos que aguardar esse encontro. Nós mantemos o nosso posicionamento de que o etanol não cabe como moeda de troca, nós temos uma dinâmica que não cabe nessa conversa, porque o etanol brasileiro tem uma pegada de carbono significativamente menor do que a versão americana. Então não cabe essa discussão em relação a tarifas recíprocas para equilibrar a balança comercial em relação ao etanol americano. Tem a reclamação em relação a taxa americana que é de 2,5% e a brasileira de 18%, mas não é aceitável a flexibilização da tarifa. Não se trata de fazer nenhuma discriminação do etanol americano. Essa posição é importante para a dinâmica do mercado e a gente até acha que nos próximos meses pode até ter o resultado da arbitragem para os americanos exportarem para o Brasil, mesmo pagando a tarifa. Então, nós mantemos o nosso posicionamento em relação a essa questão. Nós também achamos que tem outras pautas que o governo brasileiro pode entrar, que envolve a busca de oportunidades de colaboração, as terras raras e outros interesses.
