A decisão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) de se candidatar a uma vaga no Senado por Minas Gerais surpreendeu seus aliados no MDB. O partido tem nomes para compor a chapa à reeleição do governador Fernando Pimentel e quer participar dela, se não houver nenhum impedimento. Mas a candidatura de Dilma Rousseff ao Senado não está nos planos dos emedebistas, que acreditam que ela vai ajudar mais, se disputar uma vaga na Câmara Federal. Para o vice-presidente da Câmara Federal, deputado Fábio Ramalho (foto), MDB, o PT terá que abrir mão de alguma coisa nessa aliança.
A ex-presidente virou um problema para a aliança PT/MDB?
Não. Ela pode ser candidata a uma vaga na Câmara dos Deputados. O PT vai ter que abrir mão de alguma coisa nessa aliança. Nós vamos conversar. Essa é uma questão de discussão, de conversa, chegando a uma solução que seja boa para as duas partes, tanto para o MDB quanto para o PT.
A possível candidatura dela ao Senado assustou os que apoiam a aliança?
Foi entendida como normal. E se ela for candidata a deputada federal ela vai ajudar muito na composição da chapa de deputado federal.
Ela pode garantir a sobrevivência do PT de Minas?
Ela ajuda. Mas o PT não está morto. O PT tem o governo, é o favorito na disputa. Quem ocupa o governo é o favorito. O que precisa é de uma composição saudável para todos os lados. Ela precisa ser boa para um lado e para o outro. Penso desta maneira: se o PT quer realmente fazer uma composição, tem que sentar com o MDB, que vai falar qual posição deseja ter na chapa e quais as que o PT terá.
Essa conversa ainda não está acontecendo?
Não aconteceu, mas vai acontecer no momento certo. No momento adequado.
Se o MDB tiver candidatura própria à presidência com Michel Temer ou Henrique Meirelles, frustra essa aliança com o PT?
Não tem dificuldade nenhuma. O MDB nos estados vai falar as alianças de acordo com o que for melhor para cada estado. Nós vamos ter que aguardar para ver o que vai acontecer. Não tem nada definido ainda.
O MDB nacional pode impor uma candidatura em Minas para garantir o palanque para o candidato à presidência?
Não. Nem pode, porque quem decide é o diretório estadual.
Existem nomes colocados para o governo de Minas como o do presidente da Assembleia, Adalclever Lopes e do vice-governador Antônio Andrade. Essas candidaturas são apenas para valorizar o partido nessa discussão com o PT, ou elas podem ser para valer?
São duas boas candidaturas. Mas essas coisas precisam ser construídas para ver o que é melhor. Para se ter uma composição nós temos que olhar a questão dos deputados federais, dos deputados estaduais e o que é melhor para o partido. É nesse caminho que nós vamos seguir. Principalmente na discussão da chapa proporcional.
Como coordenador da bancada mineira, o senhor sempre defendeu que Minas tivesse um ministério. Com essa reforma, várias pastas foram oferecidas à bancada, mas ninguém quis aceitar. O que mudou, é fim de governo?
Não é isso. O ministério para Minas Gerais precisa ser do tamanho do estado. Ministérios pequenos não convêm a Minas. Ao contrário, o que ofereceram para mim, eu disse não. Nós queremos um ministério que atenda aos anseios de Minas. Ofereceram Ministério da Saúde, Educação, de Integração e até o Ministério de Minas e Energia, que tem várias questões para serem resolvidas. O governo optou por outro caminho. Quem escolhe os ministros é o presidente da República e nós vamos tocando o barco assim mesmo. Nós vamos fazendo a nossa parte lá, pedindo o que é de Minas, principalmente nas questões orçamentárias e questões como a não paralisação do metrô e da BR-381. Nós temos uma bancada unida em defesa dos interesses de Minas na saúde, na infraestrutura, na segurança e nas demais questões que envolvem o estado.
Que ministério deveria ter sido oferecido a Minas?
Um ministério do tamanho de Minas. Mas essa conversa não existe mais. Já passou o momento.