Eleito com mais de 3,5 milhões de votos, o jornalista Carlos Viana (PHS), é uma das caras novas que vai assumir uma das duas vagas ao Senado por Minas Gerais. Apoiado pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, Viana pretende aproveitar a grande renovação na Casa para desenvolver a sua trajetória sem a influência dos políticos antigos. Mas ele tem claro o que pretende fazer por Belo Horizonte, para ajudar na reeleição de Kalil e para ajudar Minas Gerais a encontrar o seu caminho.
O que aconteceu nessas eleições em que os que estavam aparecendo nas pesquisas como os favoritos não se elegeram?
Desde 2013 o eleitor vem dando sinais de que não está satisfeito. O brasileiro começou a reclamar nas ruas dos serviços públicos, da quantidade de impostos, da violência, da educação ruim, da saúde que não funcionava. Em 2013, as manifestações mostravam claramente uma insatisfação dos brasileiros. O que nós tivemos na época, foi uma tentativa dos sindicatos e dos partidos políticos de esquerda de capitanear e liderar aquele movimento, como se fosse aquela utópica revolução do povo nas ruas, o que o comunismo sempre pregou. E não era isso. Quando os partidos começaram a tentar participar dos movimentos, foram rechaçados e a população voltou para casa, mas a insatisfação do eleitor continuou. Na última eleição para prefeito, por exemplo, nós já observamos isso na maior parte do país. Nomes que não estavam ligados à tradição política como em São Paulo com o Doria e Belo Horizonte com o Kalil. Essa visão de renovação agradou, porque mostrou para as pessoas que elas podiam fazer as trocas. Esse sentimento veio sendo carregado e não foi percebido pelos institutos de pesquisa. Eles trabalham ainda com ferramentas antigas. Em alguns casos pode-se até levantar suspeitas pelo tamanho dos erros, mas aí é uma questão do Ministério Público de fazer uma investigação mais aprofundada. O certo é que os institutos não deram a dimensão do quanto o brasileiro estava insatisfeito e isso veio para as urnas. A Lava Jato é um dos principais pontos dessa insatisfação. O brasileiro mais instruído, mais informado e com as redes sociais com notícias verdadeiras e falsas ao mesmo tempo, fez com que a população participasse mais. O resultado apareceu nas urnas. O PT teve um prejuízo muito grande, mas perdeu principalmente a direita, que era capitaneada pelo PSDB. O PSDB era tido como a grande bandeira da direita brasileira e o resultado foi que, agora, no saldo final, o PSDB foi o partido que mais perdeu espaço, tanto na participação do legislativo, quanto no embate político direto nos estados.
A sua candidatura teve apoios importantes, do senador Antonio Anastasia e prefeito Alexandre Kalil, que abraçou a sua candidatura. Como será essa relação a partir de agora?
É preciso deixar claro que o professor Anastasia apoiou o Rodrigo Pacheco. Caminhei com Anastasia no começo, ofereci o meu apoio, nós estaríamos juntos na coligação e não foi isto que aconteceu. O meu partido ficou sozinho. O PHS não pode se coligar com ninguém e ainda perdeu apoios importantes do PSC e do PMN, a comando do PSDB, que tirou esses partidos de apoio à minha candidatura e com isto caí de 35 para sete segundos de televisão. Feito isto, registradas as candidaturas, nos últimos 15 dias, Anastasia só fez campanha para Rodrigo Pacheco. O acordo é que não teria pedido de voto para ninguém. Os três caminhariam juntos, mas não foi o que aconteceu. Quem me apoiou verdadeiramente foi Alexandre Kalil. Ele abraçou a minha candidatura em todos os sentidos e foi comigo até o final. Tanto que, nosso resultado em Belo Horizonte e na Região Metropolitana foi fundamental para a vitória.
E como será esse trabalho agora? Haverá uma parceria para garantir recursos para projetos importantes para a cidade?
A eleição acabou e temos que pensar em Minas Gerais e no interesse da nossa qualidade de vida. Para isso, lá no Senado vou trabalhar em consonância com Antonio Anastasia, nós vamos estar juntos defendendo os interesses de Minas Gerais. O que passou, terminou. E Belo Horizonte, naturalmente, a minha atenção está voltada para apoiar o prefeito Alexandre Kalil e a sua reeleição. Nós vamos trabalhar firmemente para Belo Horizonte conseguir as obras que sempre precisou e não teve politicamente apoio, para que o Kalil possa entregar uma cidade melhor ainda na próxima eleição para ele ser reeleito. É um compromisso que eu tenho com o prefeito da capital. Um dos passos que pretendo dar a partir de fevereiro é pela municipalização do Anel Rodoviário, por exemplo. É uma decisão que não envolve recursos, não envolve nenhum tipo de projeto financeiro, é simplesmente político. A idade precisa de um novo anel rodoviário, mais seguro. A prefeitura já tem planos para isso e no campo político, nós vamos trabalhar para que a municipalização se torne uma realidade. A questão das obras, Belo Horizonte tem obras viárias importantes. Existem vias que ainda não foram terminadas e há uma dificuldade muito grande para melhorar o trânsito da cidade. Esse é outro ponto que nós pretendemos trabalhar. Se nós tivermos o apoio do próximo presidente e da próxima equipe de governo, há um desejo muito grande meu e do prefeito em recomeçar o Vila Viva, retomar a urbanização das vilas e favelas de Belo Horizonte.
O prefeito Alexandre Kalil está trabalhando pela sua reeleição?
Já e esse é compromisso meu com ele, nesse sentido. Ele está trabalhando muito bem e nada mais justo do que eu apoie o prefeito na sua reeleição.
E com o governador eleito, já existe um contato, como será esse relacionamento?
A equipe dele me procurou por duas vezes. Já conversamos bastante e está agendado para a semana que vem um encontro com Romeu Zema, onde nós vamos conversar sobre as questões do estado, especialmente do problema da renegociação da dívida de Minas Gerais. O governo de Minas precisa fazer urgentemente esse processo interno de reorganização dessa dívida para poder voltar a pagar em dia os servidores e, principalmente, voltar a ter capacidade de investimento. Esse assunto é a principal pauta para esse encontro com o governador eleito.
Essa é a sua primeira experiência como parlamentar. O que você espera do Senado?
Não é a minha primeira eleição. Em 2004 eu disputei uma eleição para vereador em Belo Horizonte. Não fiz campanha e foi uma experiência interessante. Comecei a aprender alguma coisa ali. Depois disso, não me passou pela cabeça ser candidato. Quando surgiu, há dois anos essa possibilidade de disputar o Senado, comecei a analisar a possibilidade de disputar novamente, porque se há uma coisa que tenho observado muito é o fato de que o Brasil vem retrocedendo. Nós não estamos conseguindo evoluir e penso que era o momento de que todas as pessoas que pudessem contribuir se apresentar. Tomei a decisão de me candidatar ao Senado, em um cenário mais favorável e acabou dando certo. Essa experiência que eu agora levo para Brasília, estou chegando em um momento de grande renovação, com 80% das cadeiras sendo renovadas. A estrutura política e partidária antiga ainda estará forte, mas não terá o mesmo espaço que tinha. É hora de nomes novos como o meu começar a construir uma trajetória.