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No talento, força e comprometimento de seus trabalhadores, Usiminas encontra a saída da crise

Paulo César de Oliveira
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A Usiminas ainda vive uma crise entre os seus grupos controladores. Internamente, porém este conflito está superado, em nome dos interesses da empresa. Sob o comando de Sérgio Leite (foto), engenheiro que trabalha há quarenta anos no grupo, a Usiminas conseguiu montar uma “força tarefa” que, além de encontrar soluções técnicas para os problemas financeiros e de produção da companhia, deu unidade ao corpo de trabalhadores, motivando-os a se comprometerem com a superação das dificuldades. Poucos acreditaram que a Usiminas, referência mundial na produção de aços planos, fosse capaz de, em pouco tempo, superar suas crises e reassumir uma posição de destaque no mercado. Hoje, garante o seu presidente Sérgio Leite, a Usiminas está pronta para atender as demandas da economia nacional que, na sua avaliação, apresenta sinais claros, embora ainda tímidos, de crescimento.

 

Este ano foi o ano da virada para a Usiminas?

Sim. Sem dúvida o trabalho que foi realizado pela equipe Usiminas desde o segundo trimestre de 2016 está agora apresentado resultados importantes para a nossa empresa. Nós estamos em um patamar Ebit acumulado em doze meses, conforme o balanço que fechamos em 30 de setembro, que é o mesmo de antes da empresa entrar em crise. E eu estou falando dos anos de 2013 e 2014. Nós temos evidentemente um longo caminho a trilhar e um imenso trabalho a ser feito. Mas nós já podemos atuar com mais intensidade e com a consciência de que nós sabemos onde queremos chegar. É um desafio muito grande, mas estamos preparados para o desafio. A equipe Usiminas está preparada para atuar pelos próximos dois anos cm grandes desafios, grandes lutas.

 

As crises política e econômica não chegaram a afetar os planos da Usiminas?

Eu diria que na nossa percepção da vida brasileira, cada vez mais a economia se desconecta da política, o que é bom. E claro que os fatos políticos acabam tendo alguma influência na economia, mas nós estamos observando que o Brasil está apresentando resultados e indicadores positivos, mesmo com um cenário complicado no campo político. Então este descolamento em sido bom para o negócio do aço, bom para a economia brasileira e, evidentemente, para as usinas. Mas se nós tivermos um governo com foco no crescimento, foco no desenvolvimento, com políticas industriais mais claras, isto vai contribuir.

 

Teremos mais um ano de governo Temer e 2018 é um ano eleitoral, que normalmente é um ano complicado. Como a Usiminas está se preparando para enfrentar o próximo ano e com que expectativas está trabalhando?

Nós estamos finalizando o orçamento de 2018 e o enfoque nosso é expectativa de um PIB de 2,5%, que é o que tem aparecido no Boletim Focus do BC. Neste cenário, de crescimento de PIB de 2,5% nós temos uma expectativa de crescimento do consumo brasileiro de aços planos de 5 a 10% e isto vai ser importante para a empresa, como vai ser importante para a economia brasileira e para o povo brasileiro.

 

O setor da construção foi um dos mais afetados. Para a Usiminas este setor está saindo da crise?

Nós estamos percebendo sinais muitos tênues. Quem apresentou recuperação robusta este ano foi o setor automotivo, com crescimento da produção superior a 25%, embora o consumo de veículos no Brasil esteja crescendo num patamar de 7%. No setor da construção civil nós não temos ainda uma percepção de crescimento. Entendemos que parou de cair, mas não está crescendo. E este é um setor importantíssimo para o setor de aço.

 

Qual o futuro do aço?

O futuro do aço é promissor. É um material que tem características para a sociedade em nível mundial mas, evidentemente, o aço tem que se adaptar aos novos cenários. Nós temos que ter cada vez mais produtividade em todas as nossas operações. Nós temos que desenvolver novos produtos que se adaptem a novas aplicações. Nós temos confiança em nível mundial de que o aço estará presente na vida das pessoas por séculos.

 

A Usiminas é muito focada no mercado interno, mas tem planos de exportações?

Nosso foco é no mercado interno, que representa mais de 85% dos nossos negócios. Nós, evidentemente, temos uma presença no mercado externo, mas há uma onda de protecionismo na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil não vemos uma preocupação de equidade e isonomia nas transações das relações comerciais com outros países. Quando falo outros países, falo em especial com a China. Há um desequilíbrio nas relações. Nós estamos com um processo anti dupping contra a China. Já temos um que foi implantado que é o de chapas grossas. Nós temos agora um de laminados a quente que está em fase final. As relações comerciais no negócio do aço com a China não são equilibradas.

 

O governo brasileiro tem sido criticado por não apoiar nossas indústrias. É isto que está acontecendo com a Usiminas. É isto que levou ao processo de desindustrialização no país. Isto continua acontecendo?

Sim, continua acontecendo. A desindustrialização é uma realidade. A indústria de transformação não é uma prioridade do governo federal. E nós da sociedade e das empresas achamos que deveria ser uma prioridade.

 

O mercado exige muita tecnologia do setor. Como a Usiminas tem trabalhado com isto?

A Usiminas está investindo. A Usiminas está no estado da arte em nível mundial em termos de produto. Nós temos um centro de pesquisa que atua há mais de 40 anos e nós permanentemente criamos produtos e buscamos inovar, melhorar as nossas operações. Estamos na mesma linha da indústria do aço mundial.

 

O senhor acha que a crise interna da Usiminas acabou de vez?

Acho que ainda há um trabalho muito grande a ser feito. Nós temos que consolidar os nossos resultados. Nós atravessamos três anos muito difíceis e agora, a partir dos resultados do segundo e terceiro trimestre, já podemos mostrar ao mercado a consolidação das nossas atividades. Nós estamos obtendo resultados consistentes e importantes para a empresa. Nos primeiros nove meses deste ano as ações da Usiminas foram as que mais subiram na Bolsa. Se nós olharmos nos últimos doze meses as, ações subiram mais de 120%. Esta leitura de mercado é importante mas nós temos consciência plena de que há muito trabalho a fazer. Nós vamos fazer. Se o governo promover um crescimento da economia, isto vai ser importante para a Usiminas e nós estamos preparados para usufruir, no sentido econômico, do crescimento da economia.

 

Esta questão dos acionistas tende a ser superada?

Não, o conflito existe. O que eu p0sso afirmar é que este conflito internamente não existe. Nós temos dento da empresa três forças que são os brasileiros, maioria da força de trabalho; temos os japoneses e temos os ítalo-argentinos. Dentro da empresa todos trabalham juntos como uma equipe equilibrada e unida. Agora, o conflito existe. Ele é público, está na Justiça e a minha posição tem sido sempre no sentido de encontrar uma solução que seja melhor para a Usiminas. Vamos aguardar.

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