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O impacto das taxas de juros na economia

Paulo César de Oliveira
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O último aumento da taxa Selic, que atingiu 10,75%, não chegou a surpreender, mas causou apreensão ao setor produtivo, que prevê mais dificuldades pela frente. O economista e editor da revista Mercado Comum, Carlos Alberto Teixeira de Oliveira(foto), entende que esse ciclo de aumentos promovidos pelo Copom coloca o Brasil como o país com a maior taxa de juros real do mundo.

A Selic atinge dois dígitos. Qual o perigo para a economia?

De novo voltamos ao ciclo de taxa de juros alta e real e com isso, muito provavelmente, pelos indicativos que eu tenho, o Brasil volta a ser o país com a maior taxa de juros real do mundo. Continuo insistindo que a política monetária está errada, está equivocada, porque nesse presente momento, e já há mais tempo, o que está ocorrendo no Brasil não é uma pressão ou um choque de demanda. São os eventos exógenos que têm provocado inflação, o aumento do petróleo e dos combustíveis, além do preço das commodities. De novo nós vamos elevar substancialmente o nível de custo da dívida pública brasileira e não vamos resolver a questão principal, que é o baixíssimo nível de crescimento econômico do Brasil. Vamos continuar de novo, a tomar o mesmo veneno que tem contaminado o país nos últimos 30, 40 anos.

O ex-ministro Henrique Meirelles está falando que isso é o claro resultado da crise de confiança que o país enfrenta. Essa também é uma questão?

 Não acho necessariamente que seja isso. É aquela famosa história: nós estamos repetindo conceitos que prevaleciam em décadas passadas para economias. JK já dizia que no Brasil usamos os remédios para segurar doenças da idade madura, para uma econômica adolescente como é a do Brasil. A inflação acelerada em excesso prejudica o crescimento econômico do Brasil. De novo teremos uma ciranda, que só beneficia os rentistas e de uma maneira geral o sistema financeiro.

 Há uma sinalização de que a taxa de juros vai aumentar ainda mais. Isso pode significar mais problemas?

 Tudo indica isso. Nessa última manifestação do Copom, isso não está ainda muito claro, deixa ainda dúvidas se vai continuar com o aumento, em relação a esses percentuais. Mas tudo indica que vai ter, ainda, a possibilidade de outros aumentos. Pode chegar aí na casa de 12,75 a 13%.

Isso significa também que a economia brasileira vai continuar com o crescimento atrelado ao câmbio do dólar, sem crescimento real?

 Sim, tanto é que eu posso afirmar categoricamente que- à exceção do relatório Focus, do Banco Central- pela segunda ou terceira vez as previsões do mercado financeiro são de um crescimento do PIB brasileiro neste ano de apenas 0,30%. Ora, se a população precisa é uma faixa de 0,70, isso significa dizer que neste ano de 2022 nós teremos, mais uma vez, um PIB per capita negativo.

Isso significa que 2022 tende a ser um ano perdido?

Novamente, mais uma vez. Nós não conseguimos nos reconciliar com o crescimento econômico vigoroso, consistente, contínuo e com desenvolvimento. Com isso, vamos ficando para trás nessa trajetória do desenvolvimento, principalmente quando nós avaliamos o mundo de uma maneira geral. O mundo deve registrar uma média de crescimento superior a 4%, segundo o FMI e o Brasil não alcançará nem 0,5%. (Foto reprodução internet)

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