O presidente da Rede Mário Penna, Marco Antônio Vianna Leite, é um dos principais nomes da gestão hospitalar em Minas Gerais. Reconhecido por sua atuação estratégica à frente de uma das mais relevantes instituições filantrópicas de saúde do país, ele está comprometido com a eficiência administrativa e a celeridade no atendimento à sociedade, que ele aponta: mudou. De acordo com Leite, o cliente quer acolhimento e agilidade ao mesmo tempo e o sistema de saúde é lento, manual. Em entrevista ao Blog do PCO Marco Antônio Vianna Leite deixou suas impressões sobre o setor, falou de desafios e também das expectativas para o próximo ano.
Quais são hoje os maiores desafios administrativos de um hospital no Brasil?
Equilibrar custo e receita é o grande desafio. Outro problema que surgiu recentemente é a falta de mão de obra em áreas de apoio.Faltam profissionais para fazer limpeza, por exemplo. Um hospital como o nosso, com 1.500 funcionários, 150 são de limpeza. Este tipo de profissional está em falta no mercado.
Que lições foram aprendidas, a partir da COVId-19, sobre situações de crise?
A Covid acabou deixando alguns aprendizados, como a otimização dos recursos. Implantamos modelos como o da telemedicina. Hoje, o sistema de saúde ainda é muito arcaico, muito manual, novos processos estão sendo elaborados, descritos e feitos de forma mais rápida. A saúde passou por uma transformação muito grande com a Covid e o cliente mudou, também. A Covid deixou pra nós o legado de saber que precisamos fazer mais com menos, ser céleres
Como é fazer mais com menos na saúde?
Nós temos que trabalhar em sistema de rede, integrados. Os hospitais pequenos não vão sobreviver. É preciso reduzir custos, otimizar máquinas. O custo com o setor administrativo, por exemplo, precisa ser baixo, ainda mais dentro do SUS. O SUS remunera pouco ao mesmo tempo em que os hospitais são pouco eficientes. Volto a dizer: a sociedade mudou, quer instituições céleres e temos que estar atentos a isso. Em radiologia já temos inteligência artificial para fazer análise de laudo, para ser mais célere. O paciente não pode ir ao hospital uma, duas, três quatro vezes, não. Precisamos de um modelo fast track (via rápida), atendimento de forma completa. O setor precisa passar por uma mudança de cultura.
Como os hospitais e o sistema de saúde estão inseridos na pauta da sustentabilidade?
Os hospitais têm alto consumo de energia, nossos dejetos têm que ser tratados para descarte. O ESG – ambiental, social, governança – é algo com que a gente trabalha cada dia mais. Temos pensado muito nisso, a utilização de energias renováveis. Nos preocupamos com o tratamento do lixo. Estamos muito conscientes. E cada um precisa contribuir com a sua parte, adequar. Converso muito com os hospitais e acho que existe uma conscientização quanto a isso.
A sociedade entende o que é saúde pública?
As pessoas, hoje, estão muito mais conscientes, sem dúvida. E houve uma migração do setor público na direção de usar mais o serviço do setor filantrópico, que tem crescido. O estado está preferindo terceirizar os serviços na forma da filantropia. Grande parte da alta complexidade é feita, no setor privado, pelo filantrópico.
Os governantes entenderam que serviços de saúde podem ser terceirizados, feitos em parceria, mas não de qualquer forma. Estamos assumindo, agora, por exemplo, um hospital do estado lá em Teófilo Otoni, 420 leitos, sistema de filantropia.
Como isso muda a remuneração dos hospitais, por exemplo?
Somos prestadores de serviço. Prestou serviço, recebe, não prestou, não recebe. É importante que os hospitais, como prestadores de serviços, trabalhem em redes. Por exemplo: de compras. Temos uma parceria com o Baleia (Hospital da Baleia) e estamos fazendo compras conjuntas. Isso nos dá ganho de escala e economia de pelo menos 10%. Montar redes é um grande desafio.
Quais as expectativas da Rede Mário Penna para 2026?
Expectativa de nos consolidarmos como um grande player no setor de saúde e filantropia em Minas Gerais. Cuidar é nosso objetivo e crescer é o nosso desafio para 2026.












