Na semana em que o secretário de Estado de Infraestrutura anunciou o lançamento do edital do Rodoanel, o projeto mais importante do governo Zema, muitas prefeituras e a população cobram por ações para resolver os estragos causados pelas chuvas. Todas as regiões do estado sofreram com as fortes chuvas. O secretário de Infraestrutura, Fernando Marcato (foto), disse que o governo tem trabalhado para solucionar esses problemas, principalmente liberando os trechos de estradas interditados. Mas os estragos foram muitos e foram potencializados devido a falta de investimentos nos governos anteriores.
O estado sofre com os estragos causados pelas chuvas e as cobranças por ações do poder público aumentam a cada dia. O que o Estado tem feito para resolver esses problemas, principalmente nas estradas?
Você acha que a gente teve é a última semana de dezembro e 597 ocorrências, dessas 597 nós já resolvemos por volta de 200 e temos hoje 30 trechos ainda com interdição, mas que todo dia estão sendo desobstruídos, como o de Ouro Preto, que foi um deslizamento grande, nós abrimos uma meia pista. Em Mariana fizemos acabamos de fazer uma variante e o estado destinou R$ 113 milhões, justamente para esse tipo de desobstrução. As pessoas não conseguem ver, porque tem muita coisa espalhada pelo estado, mas o DER tem trabalhado bastante para ir desobstruindo as estradas e fazer frente a essa catástrofe, que não estava prevista.
Quais regiões foram mais castigadas pelas chuvas?
No início das chuvas foi o Vale do Jequitinhonha e Mucuri. Nós, inclusive, já enviamos uma missão de funcionários do estado, que estão lá para atender a 14 municípios, que estão em pior situação, justamente para ajudar nas questões dos trâmites burocráticos, questões que não são de natureza do estado, são municipais, mas nós podemos ajudá-los, a conseguir verbas federais, decretos de emergência. Agora, mais recente foi a Região Metropolitana de Belo Horizonte, que foi bastante atingida, como também parte da Zona da Mata.
Em algumas regiões o asfalto ficou totalmente destruído. Como são as ações nesse caso, é um processo rápido ou, ao contrário, é lento?
São duas questões. Uma é em relação as chuvas extraordinárias, que temos mapeados vários trechos críticos, que nós vamos enfrentando, mas, por vezes, não temos nem como mapear. Às vezes um talude desmorona por causa da chuva e não temos como mapear isso. Isso acontece e é um ponto crítico que temos que atacar emergencialmente. Outra coisa é que existe um problema de falta de investimento nas rodovias, em especial em relação ao pavimento, que desde 2014 o estado parou de investir. Nós recebemos os 26 mil quilômetros de estradas do estado em 2019, em uma situação muito crítica. Com a situação fiscal do estado, nós não tínhamos recursos para resolver. O que nós fizemos? Com o acordo em Brumadinho, nós destinamos R$ 1 bilhão para as estradas e hoje vamos atacar mais de 80% dos pontos críticos com esses recursos. Já tínhamos feito as licitações, já tínhamos 35 frente de obras iniciadas em 2021 e agora, infelizmente, investimento em rodovia você não consegue desfazer em período de chuva. A partir de março, ou fevereiro, quando tivermos a estiagem é que nós vamos soltar a recuperação funcional de mais de dois mil quilômetros, que estão em estado ruim, e só assim nós vamos conseguir resolver esse problema.
Nós vemos problemas também nas rodovias federais. Como o estado está negociando com o governo federal e com o DNIT?
A responsabilidade é toda do DNIT, que tem que ter o dinheiro para eles investirem. O que nós fazemos é cobrar. Nós temos interlocução constante na 040, com a concessionária, mas esse é um investimento do governo federal. Na BR-381, por exemplo, o investimento é do governo federal. O estado nem tem gestão sobre essa rodovia.
Esse é um problema que não se resolve, a começar pelo Anel Rodoviário que passa na área urbana e estado e o município tem ação limitada porque o trecho é jurisdição federal. Como resolver questões como essa?
O Anel Rodoviário só será solucionado quando tivermos o Rodoanel, que é uma obra do Estado. O Rodoanel será uma alternativa ao Anel Rodoviário, vai circundar toda a região metropolitana e com isso, desafoga o anel viário de BH, sem prejuízo em relação aos investimentos que o governo federal tem previsto para melhorias no próprio Anel Rodoviário. Tirar caminhões e carros do Anel Rodoviário já vai aliviar.
O Rodoanel também virou um problema, por causa dos municípios que questionam o traçado?
Na verdade, o único que mostrou contrariedade completa foi o de Betim. Outros participaram de alguns eventos, tivemos uma interlocução, mas não criaram um problema em si. Foi mais o prefeito de Betim. Na verdade, nós começamos as consultas públicas do rodoanel em janeiro. Ficamos 115 dias em consulta pública, recebemos e estudamos um conjunto de propostas. Foram mais de 750 contribuições e nós respondemos a 750 contribuições. É claro que tem coisas que podemos atender e outras não. Acho que todos na Região metropolitana acreditam que essa é uma solução importante na logística do estado.
Por esse ser um ano eleitoral, será mais difícil realizar algumas obras?
Felizmente o país está mais maduro. Uma coisa é fazer inaugurações, que está proibido, outra coisa é fazer a obra. Tem que fazer a obra. Se houver algum questionamento nos órgãos técnicos, nós vamos lá esclarecer. Mas o país está mais maduro. Honestamente, o governo procura se mover por aquilo que tecnicamente faz sentido. Essas avaliações eleitorais, políticas de que aquele projeto terá um impacto negativo, acho que explicando direito o mérito do projeto, você faz. O Brasil não pode ficar mais refém desse discurso “porque é um ano político perco um ano de investimento no país”. Na verdade, nós perdemos dois anos, porque nas eleições municipais o discurso é o mesmo.
Qual é a obra mais importante para o estado?
Em termos de volume e tamanho é o Rodoanel. É o maior projeto, mas temos outras obras importantes, como o Anel de Montes Claros, que é uma obra de R$ 200 milhões e que deve ser iniciada no próximo mês, temos a ponte sob o Rio São Francisco, na cidade de São Francisco, que deve ser iniciada no início de fevereiro. São obras muito importantes. Esse programa de recuperação das estradas é muito importante, porque o estado está em situação difícil e tem o programa de concessão de estradas. São sete concessões rodoviárias, duas já estão com edital publicado e em18 de maço teremos o leilão na Bolsa de Valores de São Paulo. Isso vai ajudar a equacionar três mil quilômetros de estradas de concessão no estado. Elas estão no Sul de Minas, Triângulo Mineiro, Ouro Preto/Mariana, Lagoa da Prata, São João del Rei. As duas publicadas são Sul de Minas e Triângulo Mineiro. (Foto reprodução internet)