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Simone Tebet busca se viabilizar como a terceira via

Terminado o prazo para as mudanças partidárias, algumas decisões tomadas nos últimos dias surpreenderam. A principal foi a desistência do ex-juiz Sergio Moro em disputar a presidência da República pelo Podemos ao se transferir para o União Brasil, onde ele não tem garantida a sua participação na disputa. Para a senadora Simone Tebet (foto), esse foi um gesto de grandeza de Moro e que facilita as negociações para se chegar a um nome da terceira via. Mas para a senadora do Mato Grosso do Sul, que é pré-candidata do MDB à presidência da República, o eleitor só começa a pensar em eleição mais para frente. A polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula é porque os dois já estão com seus nomes colocados.

Onde focar para quebrar esse quadro de polarização entre Lula e Bolsonaro?

Nós temos que dar tempo ao tempo. O tempo da política é bem diferente do tempo da nossa ansiedade. Estamos todos nós ansiosos e é natural. Esta é uma questão simples de analisar, a história é do processo eleitoral. Quanto Collor tinha nessa época do ano, quando Fernando Henrique tinha nessa época do ano em seu primeiro mandato? Quanto o próprio Bolsonaro tinha no início do mês de março. Ele não pontuava nem três por cento nas pesquisas. Fernando Henrique da mesma forma. Dentro desse quadro, o tempo da política se inicia mesmo no meio para o final de maio e início de junho. Aí sim, nós já teremos que ter um rosto, um nome e sobrenome. O fato da terceira via não pontuar é porque ela hoje está no imaginário da população brasileira, sem identidade e ela não tem mesmo identidade nesse momento, porque hoje nós estamos no momento da costura. O momento é o tempo de se costurar em torno de uma candidatura única e ela vai acontecer, não tenho dúvida nenhuma. Por enquanto só não podemos falar em nome do PDT. Mas PSDB, Cidadania, União Brasil e MDB já definiram e em breve estarão anunciando e a candidatura será única. Acredito que o Podemos também vem nesse processo. A partir do momento em que nós tivermos um rosto, nome e sobrenome, nós temos condições de começar a pontuar nas pesquisas e repito que esto preparada como única mulher e por vir de um partido que é o mais capilar, que tem o maior número de prefeitos, de vice-prefeitos, vereadores, maior número de filiados, estando ao lado do União Brasil, aí são dois partidos com maior tempo de rádio e televisão e de fundo. Acredito que o meu nome tem condições de ser ungido por este grupo de valorosos companheiros, homens públicos, que merecem todo o meu respeito.

O brasileiro está sofrendo com os reflexos das turbulências internacionais e a economia mostra-se muito dependente de alguns produtos. Como tornar o país menos dependente?

Os fatores externos realmente podem ter atrapalhado um pouco, mas não são os responsáveis por essa crise. A crise se deve a instabilidade, a falta de governo, de planejamento. Sem um planejamento, usa-se mal o orçamento, gasta-se mal e, aliás, deixa-se o Congresso sequestrar o orçamento por não se ter um planejamento. Como você não sabe para onde vai, o Congresso vota todo ano o orçamento e acaba dizendo para onde vai esse dinheiro. Com isso, desequilibra-se as contas públicas, porque o dinheiro fica mal aplicado nos municípios e nos estados, porque não é senador ou o deputado que sabe qual é o problema do Brasil. O problema do Brasil tem que ser resolvido dentro dos ministérios através de uma gestão eficiente, ouvindo, obviamente, os governadores e prefeitos municipais. Esse é o grande problema do Brasil. Paralelo a isso, temos a matéria-prima essencial para o agronegócio, que são os fertilizantes. O Brasil tinha condições, não de ser autossuficiente, nem um país do mundo será autossuficiente por uma série de fatores, mas não pode ser dependente em 85% de fertilizantes no mundo. Eu denunciei a Petrobras e, provavelmente a Petrobras nem vai mais assinar o contrato por conta disso, porque quando eu fui prefeita ( em Três Lagoas) eu doei 400 hectares de terra para a Petrobras construir a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina. Ela iria dobrar a produção de nitrogenados produzidos no Brasil e essa fábrica estava 85% pronta, quando veio o petrolão e ela parou, em 2017 mais ou menos. Agora a Petrobras está vendendo para uma empresa russa, que já ganhou a licitação, não para fazer fertilizantes- olha que absurdo. Isso é crime de lesa pátria, estou entrando com as medidas necessárias.

Como resolver essa questão?

Estive conversando com o governo de Mato Grosso do Sul, para que ele não dê os incentivos fiscais para essa empresa desistir e para que a Petrobras não assine esse contrato. Tem muitas petroquímicas querendo e, também cooperativas. Em oito meses conclui essa fábrica, onde já foi investido R$3,5 bi e ela está em um ponto estratégico, porque ela está na divisa com o estado de São Paulo, do lado da rodovia, do lado do gasoduto, do lado da termoelétrica, do lado de hidrelétrica e ela está num raio de circunferência em uma média de 300 km, onde em qualquer lugar nesse círculo que você faz com o compasso, você atinge toda grande produção do agro do Brasil: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e ainda pega um pedaço de Minas Gerais. É falta de planejamento e de visão para resolver esses problemas. Temos o problema do trigo e o problema do arroz. A Embrapa está produzindo uma semente de trigo diferenciada para se plantar trigo no cerrado. Nós sabemos que em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e em Goiás, nessa região, você tem produzido sem comprometer o bioma e isso já está conseguindo avançar na produtividade. É investimento em ciência, tecnologia e inovação. Não pode faltar dinheiro para a Embrapa. Quando a Embrapa tem dinheiro ela acha solução para pelo menos alimentar o povo brasileiro. Está fazendo isso com o trigo, tem condições de fazer isso com arroz e isso, é gestão. O Brasil é muito rico, tem todos os biomas, todos os climas e microclimas, água em abundância, não falta dinheiro, falta é organizar o orçamento. Falta é consciência de que a saída está na indústria do conhecimento.

Falta um fortalecimento da indústria brasileira. Nós estamos vivendo um processo de desindustrialização muito longo?

Muito forte e muito longo. Aí não é culpa só desse governo dos governos anteriores também. Comparando com 10 anos atrás, nós diminuímos em 13%. A indústria é hoje menos 13%, comparada a 2010 e a 2011 e isso se deve ao Custo Brasil. Não é só a matéria prima que chega mais caro, porque desde o fertilizante você tem na produção uma peneira furada. Da porteira para dentro até a mesa do povo brasileiro, no produto elaborado, da agroindústria, do óleo de cozinha, mesmo a indústria da carne, nós temos uma perda de produção de 30%. Nós não temos estradas, as estradas são esburacadas, o transporte é rodoviário e isso faz com que o frete fique mais caro. Existe um projeto de logística que está começando a sair do papel, que foi fortemente reforçado no governo Temer e nós temos que fazer PPIs e licitar o mais rápido possível para termos ferrovias cortando, pelo menos, todo o centro-oeste brasileiro, chegando à ponta dos estados fora do centro-oeste, na periferia do Centro-Oeste, como o Paraná, que é centro consumidor, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais que são centros consumidores. O Paraná, que tem ali o nosso Porto de Paranaguá, ele tem que estar todo ramificado de rodovias e isso não é o poder público que tem que fazer. Mas ele tem que facilitar através de regras para poder fazer leilões, onde todos possam participar com toda a segurança e colocar a iniciativa privada para construir ferrovias, e com isso dar segurança e baratear o preço de todos os produtos. A indústria brasileira é a que mais sofre com o custo Brasil.

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