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Temer só dará certo se fizer um projeto de Brasil. Não um projeto de PMDB apenas

A situação política do país está deixando todos em compasso de espera. Para os municípios uma espera angustiante, já que os problemas são muitos e a economia só faz deteriorar ainda mais a arrecadação. O presidente da Associação Mineira de Municípios, Antônio Júlio (foto), disse que todos parecem anestesiados, mas avisa que se a situação econômica não melhorar, muitas prefeituras não vão conseguir nem mesmo pagar o reajuste do salário mínimo previsto pelo governo. Para ele, não há mais condições para a presidente Dilma continuar no governo e a expectativa é a de que se Temer assumir, ele trabalhe para o país e não para o seu partido, como fez a presidente Dilma.

 

Como os prefeitos estão analisando essa situação no Congresso Nacional, com a discussão do impeachment da presidente Dilma?

Os prefeitos estão tão quebrados, tão embasbacados, que nem estão sabendo direito o que está acontecendo. Estou sentindo que as pessoas estão sem reação diante da gravidade da situação política no país. Parece que as pessoas estão anestesiadas.

 

Está difícil fazer uma análise sobre o que acontecerá no caso de a presidente Dilma ser afastada?

Não conseguimos saber se vai melhorar, se vai piorar. Piorar eu tenho certeza que não, porque a situação está péssima. Tivemos uma reunião com cerca de 15 prefeitos e eles estão anestesiados. Ninguém sabe o que falar, o que comentar. Estão todos na expectativa do que vai acontecer no Senado.

 

Seria mais interessante para as prefeituras a presidente Dilma continuar? O vice-presidente Michel Temer pode mudar esse quadro?

Ela tem que sair. Independentemente de quem entrar, ela tem que sair. O povo perdeu a confiança nela e ela mesma perdeu a confiança nela. E com o resultado da Câmara, com 367 deputados votando contra ela, a presidente precisa entender que ela perdeu a governabilidade. Ela já não estava tendo espaço, agora acabou, porque a Dilma não conversa com a classe política e com essa confusão ela acabou de rompe com todo mundo.

 

O sr acredita que esse processo de impeachment dificilmente será revertido no Senado?

Não tem jeito. Isso agora é uma questão de tempo. E essa situação não pode passar mais de 30 dias.

 

Qual o efeito imediato com a possível saída da presidente Dilma do governo?

De imediato vai acontecer a renovação da esperança. O povo está desesperançoso, os empresários também estão, todos estão. Então, pelo menos vamos ter um pouco mais de esperança de que as coisas vão melhorar. Milagre ninguém vai fazer de uma hora para outra. Será necessário fazer um planejamento. Os empresários estão sem confiança no governo. Se o Temer tiver competência, e para isso eu acho que ele tem, ele vai ter que se alinhar com o PSDB, principalmente com o PSDB de São Paulo, e fazer um projeto para o Brasil. Se ele fizer um projeto para o PMDB, também vai fracassar. Se não tiver um projeto de Brasil não adianta nada.

 

O ex-presidente Lula já fala no PT fazer uma oposição sistemática no caso da saída da presidente Dilma do governo. O senhor acha que só vai mudar o presidente, a crise política vai continuar a mesma?

Com essa confusão toda de Petrobras, Petrolão, Lava Jato, não tem mais jeito não. Acabou. O PT é um partido que vai ter que se repensar. Eles terão que refundar o PT. Eles não têm mais espaço na política.

 

O próprio ex-presidente Lula terá que se repensar como líder político?

O Lula, por muitas vezes se distanciou do PT e foi ele. Se ele se vincular a sigla do PT para fazer qualquer planejamento, qualquer movimento, ele vai cair no mesmo buraco. Esse negócio do “Fora PT” pegou, não é?

 

A crise contaminou o governo do estado?

Ainda não. Mas é preciso tomar muito cuidado porque pode vir a afetar.

 

O PMDB, partido do senhor, tem tido alguns problemas para dialogar com o governo?

Não é com o governador, é com a turma dele. É a mesma coisa que acontece em Brasília, eles tratam as coisas e depois não querem cumprir. O governador está um pouco refém dessa situação.

 

As prefeituras também estão sentindo isto?

Estão. O governador está liberando verba para carro e outras coisas e a impressão que temos é a de que não está acontecendo nada no país. Está uma situação estranha. Parece que está tudo normal? Mas a presidente Dilma não dá espaço para ninguém discutir com ela politicamente.

 

Qual o reflexo dessa situação toda nas eleições? O PMDB fica fortalecido?

Não sei. No interior, nas cidades menores, ninguém vota em partido e sim nas pessoas. Eu acho que o PT terá dificuldade nas grandes cidades e o PMDB também pode entrar nesse vácuo. Ainda não sei avaliar as consequências. Está tudo muito confuso. O PT está sendo hostilizado em algumas localidades no interior e isso pode acontecer com o PMDB também.

 

Quem sai ganhando com essa situação?

Ninguém. Não vejo ninguém ganhando nada com essa crise, nem PSDB, nem PMDB, ninguém. Eu entendo que está todo mundo perdendo, porque essa situação desmoraliza a classe política.

 

A Associação Mineira dos Municípios vai realizar um congresso bem no meio dessa confusão no Senado?

O nosso congresso vai tratar de várias pautas, que já estavam definidas. Mas tudo vai depender do que acontecer até o início de maio. A parte técnica está bem organizada, mas o viés político ninguém sabe.

 

Com toda essa crise o salário mínimo previsto para o ano que vem é de 946 reais. Para as prefeituras o impacto é forte?

Se não houver uma melhoria na economia, haverá a falência dos municípios pequenos. Infelizmente os municípios pequenos não tem como pagar. Na verdade, todos estão com problemas, a ponto de deixa de pagar fornecedor para garantir o pagamento da folha de pessoal. Não tem dinheiro para investimento, para nada.

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