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Um diagnóstico simples e perfeito: a corrupção é a pior doença do Brasil

A saúde pública como todos os demais setores, só irá melhorar se houver uma mudança de postura do brasileiro. A corrupção é a maior doença que acomete o país. O diagnóstico é do cardiologista mineiro Marcos Andrade (foto), um dos principais nomes da medicina no país. A crise levou, segundo ele, o trabalhador que pagava pelo plano de saúde para o sistema público, que já era carente. Agora, sobrecarregado, o sistema enfrenta problemas com a superlotação nos CTIs, postos de saúde e Prontos Socorros. A receita para o problema está na educação para o combate a corrupção e garantir o uso correto dos recursos públicos.

 

A área de saúde corre o risco de perder recursos com as mudanças que o governo federal tem feito?

Acho que 2016 foi um ano em que a medicina ficou no quadro geral do país. Nós estamos tendo uma retração muito grande. As seguradoras de saúde estão perdendo muitos clientes, porque na medida em que o desemprego aumenta, as pessoas perdem seus planos de saúde. Tem muitas pessoas que pagam seus próprios planos de saúde mas estão ficando mais empobrecidas e, com isto, deixando de pagar os planos. É uma situação muito complexa, porque todas as pessoas que deixam de ser atendidas pela previdência suplementar e privada, voltam a procurar o serviço público. O serviço público como está sobrecarregado, certamente terá dificuldade para dar assistência a esse grande número de pessoas que está retornando para o atendimento público. Esse é o grande impacto da crise econômica do país sobre a saúde.

 

Muitos entendem que quando o aluno deixa a escola particular e vai para a pública, o ensino melhora. A mesma lógica serve para a área de saúde?

Acho que não, porque o custo da saúde é muito superior ao custo do ensino. A rede pública para se adaptar e conseguir comprar equipamentos e construir hospitais precisa de muitos recursos do que o custo de montar uma escola. Acredito que existem algumas diferenças importantes entre uma situação e outra.

 

Isso significa que pode ocorrer uma piora grande no atendimento de saúde à população devido a esta situação do país?

Acho que sim. Acredito que isso já está acontecendo. Basta ver o que está acontecendo nos postos de saúde. Filas longas, postos de saúde cheios, CTIs superlotados, Pronto-Socorro não dando conta do atendimento, pessoas que precisam de radioterapia e quimioterapia esperando de seis a oito meses para começar a fazer o tratamento. Cirurgias programadas sendo marcadas para mais de um ano depois do diagnóstico. Isso está ocorrendo e é, dentro dos recursos atuais que o país tem, alguém se responsabilizar pela assistência médica.

 

Qual seria a saída para esse caos?

A saída é a que o país invista na educação do povo, levando o povo a não ser corrupto e nem permitir a corrupção para que, aquilo que é a riqueza de um país, que são os impostos que nós pagamos, seja usado na melhoria do que se oferece ao povo. O caminho é educar para o educado não se corromper, não ser corruptor e com isto, permitir o crescimento de todas as áreas, inclusive a saúde.

 

O sr acha que 2017 será um ano melhor? Vai haver uma estabilidade política e, com isso, o pais vai voltar aos trilhos?

Não acho que vai ser fácil isto ocorrer. O impacto negativo de 2015 e 2016 ainda vai refletir muito em 2017. Mas ainda há uma indefinição política muito grande. O processo de reaquecimento da economia parece que vai demorar muito e tudo isso impacta de maneira muito negativa na assistência médica e na saúde pública.

 

O que o senhor falaria para esses políticos para a população para conseguir reverter essa situação?

É preciso que cada um de nós tenha consciência. A corrupção é a maior doença que assola o país e é preciso uma mudança na postura de cada um de nós. Não é uma coisa que alguém vai nos mandar fazer, que o governo vai fazer ou que terá uma lei para acabar com a corrupção. A corrupção é um problema de atitude, que depende da mudança de postura de cada um de nós.

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