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Vittorio Medioli: Betim vira referência administrativa

Muitos municípios estão em situação difícil, sem recursos para despesas básicas. O pagamento do 13º virou uma dor de cabeça. Mas nem todos passam pelos mesmos problemas. Algumas cidades conseguiram equilibrar suas contas e mesmo com dificuldades, conseguiram avançar e realizando obras essenciais para a população, mostrando que, com seriedade e dedicação, é possível avançar. Esse é o caso da cidade de Betim, que virou referência em administração pública. Mas não basta ter boa vontade e seriedade, é preciso entender o que está fazendo, segundo o prefeito Vittorio Medioli (foto/reprodução internet).

O senhor tem uma aprovação alta em Betim. Como é essa relação do prefeito com a cidade?

Nós temos um governo austero, consertamos uma dívida pública que parecia impagável em Betim e estou tocando muitas obras. Melhoramos demais o desempenho da saúde e da educação com inovações. Refiz todo o sistema de saúde básica com 26 unidades, três Upas, nove CTIs, um hospital maternidade com 170 leitos e realocando de maneira inteligente a mão de obra. Temos o maior centro de hemodiálise de Minas Gerais, clínicas oncológicas que não existiam e tudo isso impactou de maneira muito favorável com a população. Hoje temos um dos índices mais baixos, acho que do planeta, em termos de saúde pública. Tem que melhorar e nós vamos melhorar. Temos mais entregas de uma UPA, de mais seis Unidades Básicas de Saúde. E melhorias no hospital que está para ser um dos maiores de Minas Gerais, com mais de 500 leitos. Isso sem ajuda de ninguém.

Sem ajuda do Estado e do Governo Federal?

É o município que está tocando as obras e projetos. Os repasses do governo Federal e do Estado são muito aquém do que recebe Uberlândia e Montes Claros, por exemplo. A cidade tem também um volume expressivo de atendimento de saúde e nós aumentamos a prestação de serviço. Para a educação, fizemos uma rede de creches, a nível de excelência. Nós tivemos a visita de uma entidade europeia que fala que nós ultrapassamos o índice em termos de atendimento. As nossas creches públicas estão levando ao fechamento das creches privadas e hoje temos até filhos de médicos, de engenheiros e advogados em nossas creches públicas. Nos já entregamos 12 unidade, oito já estão quase prontas para ser entregue ainda este ano e tem mais seis para o próximo ano. As creches preencheram uma lacuna que havia na cidade. Tínhamos seis mil alunos na fila. Hoje não tem mais ninguém na fila. Estamos migrando do tempo parcial para o tempo integral, que é muito importante para as famílias e com qualidade do ensino fantástica. É um sonho da educação pré-escolar. Na educação fundamental estamos construindo dez escolas, algumas de tempo integral.

O que atrai a classe média para as escolas municipais de Betim?

É a escola do futuro. São grandes escolas, com capacidade para ter dois mil alunos cada uma. Estamos construindo mais 10. Já fizemos uma reforma também na maioria das escolas existentes e dotamos o nosso sistema fundamental com cinco mil computadores. Em cada sala de aula tem um computador. Nas salas de aula tem um telão de 65 polegadas produzindo um material nosso em audiovisual. A sala de aula, a partir deste mês, já dispõe de recurso audiovisual, que é uma realidade. Foi um impacto fantástico, com uma euforia dentro do nosso sistema escolar. A nossa meta é zerar o alfabetismo funcional que em Betim. Depois vamos elevar o Ideb, que faz a avaliação do ensino, de 7 e meio e 8. Em algumas escolas já estamos chegando nesse índice de aprendizado.

Além desses investimentos, Betim tem realizado obras?

Temos investimentos em estradas, viadutos, trincheiras, sinalização, pista para bicicleta, reformulação do trânsito. Temos 35 praças que nós reconstituirmos, com cascatas artificiais imensas, paisagismo, parquinhos de diversões para crianças. Fizemos a iluminação de LED na cidade toda. Fizemos tudo isso sem pegar financiamento.

Existe uma fórmula para administrar?

A maioria dos prefeitos, infelizmente, não tem noção de administração. É preciso ter uma visão sinérgica das atividades. O Estado não ajuda. O Estado começou com uma dívida de R$ 130 bilhões e agora está em R$ 180 bilhões. Não conseguiu pagar. Conseguiu empurrar, na verdade. Nós, em Betim, vivemos em uma bolha. O município de Betim pagou a sua dívida. Minas Gerais aumentou muito a sua arrecadação e está em uma situação bem melhor. Quando comecei, estava na mesma situação de quebra de Minas Gerais. Assumi com o compromisso pagar essa dívida. Não tomei empréstimo, negociei, atualizei a dívida, paguei religiosamente em dia e mantive a qualidade dos serviços públicos. Foram uma série de ações complexas, que necessitam de se ter uma visão e uma dedicação na gestão municipal. É só assim que se descobre que para todo lado tem rolo, porque a corrupção é endêmica no Brasil. Quem quebra com isso? Quem não tem rabo preso. Desde que assumi a prefeitura de Betim, não recebo salário. O meu motorista sou eu que pago do meu bolso. O meu carro, o meu computador, minha gasolina e até o que eu consumo no meu gabinete, tudo, sou eu que pago. Eu renunciei ao salário. Não é que eu recebo para depois fazer gracinha e ficar distribuindo para isso ou aquilo. Eu renunciei e o dinheiro vai todo para o município.

A economia brasileira está dando sinais de melhora, isso significa mais recursos para os municípios?

A economia do Brasil poderia estar muito melhor, pelo menos o triplo do que está agora. Poderíamos estar zerando a miséria. O Brasil tem uma riqueza incalculável e somos reféns de uma política de quinta categoria. Enquanto não se investir em educação de qualidade, o país continuará com a criminalidade, com os desvios comportamentais e sociais, com cada um pensando em ganhar mais, sem pensar em contribuir com a sociedade, para melhorar o país. Vão comprar apartamento em Paris, em Nova York, na Bahamas para cair fora daqui. Esse é o sonho desses brasileiros. Há pouco patriotismo. O que vemos é uma miséria terrível. Gente que está muito bem e outros vivendo no meio de muita pobreza.

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