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A indignação é o caminho mais curto para as mudanças

“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.” Os que os acompanham hão de se lembrar que já busquei no poema do brasileiro Eduardo Alves da Costa – atribuído ao poeta russo Maiakóvsk- inspiração para manifestar indignação com a violência e nossa covardia diante dela. A indignação e a revolta em relação a selvageria praticada contra o congolês Moïse (foto), no Rio de Janeiro, que não apenas minha, mas de milhões de brasileiros, não pode ser esquecida. Como não podem ser esquecidas as mortes de crianças por balas perdidas nas favelas do Brasil. A violência de toda ordem contra as mulheres. A violência policial, até mesmo contra os marginais, muitas vezes aplaudida pelos desavisados. A violência da fome, do abandono, da falta de moradia digna. O abandono dos idosos. A violência do roubo da esperança e do futuro. Contra a violência de toda ordem a indignação não pode ser passageira. Não podemos nos esquecer do congolês sendo covardemente agredido até a morte, assim como não podemos nos esquecer do trabalhador morto por uma sargento da Marinha, seu vizinho, apenas por mexer em sua mochila de trabalho, quando as tvs deixarem de mostrar as imagens do crime. A indignação é o caminho mais curto para as mudanças. Se nos quietarmos inertes, nos transformaremos em vítimas da violência. Expomos nossos filhos, nossas famílias às sanhas dos violentos. Não podemos cair na tentação de acreditar que a violência faz parte da natureza humana e erradicá-la é impossível e por isso nos aquietarmos contra ela. É verdade que o mundo jamais conseguirá expurgar violência. Mas é preciso agir para impor limites aos violentos. E isto não estamos fazendo. Nossa indignação é passageira. Enquanto não bate na nossa porta. (Foto reprodução internet)

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