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Blog do PCO

É hora de assumirem responsabilidades. Respeito ao direito do outro

Os antigos diziam que o seu direito termina aonde começa o do outro. Simples e sábio. Poderia ter sido até mesmo tema de redação do Enem, não fosse tão tumultuado o exame em que oito milhões e seiscentas mil pessoas, jovens em sua esmagadora maioria, se inscreveram em busca de um lugar na lista de acesso ao ensino superior. Muitos não compareceram, muitos ficaram fora da lista por erro dos organizadores e milhares, muitos milhares, ficaram sem fazer as provas agora, mas com a promessa de que em dezembro poderão, finalmente, fazer, numa segunda chamada forçada pela ocupação das escolas por grupos- ou seriam bandos?- de estudantes(?), em protesto contra medidas do governo federal. Claro que o protesto, a manifestação, é um direito previsto constitucionalmente e respeitado nas democracias. Mas, em todo o mundo democrático há um limite para as manifestações. Se assim não for, é o caos. O Poder Judiciário existe para dirimir contendas. Não pode se omitir, como fez, quando há interesses em conflito. Se de um lado há o direito do cidadão se manifestar, contra ou a favor, de outro há o interesse de quem tem o direito à educação. O direito de buscar seu futuro que, queiram ou não, está sendo cerceado. Se impedir manifestações é antidemocrático – e o é mesmo – impedir que alunos, que se prepararam ao longo de no mínimo três anos, tenham acesso aos locais de prova, é um ato de violência, de desrespeito a direitos. Dizer que transferir a data e os locais de provas não representa prejuízo para os que serão obrigados a fazer as provas em dezembro, é uma mentira. Dizer que, por outro lado, estas pessoas não terão um benefício extra de mais tempo para estudarem, também é uma inverdade. Reflexos negativos, para um lado ou outro, haverá. Só não acreditam nisto nossas autoridades que afirmam ter sido uma tranquilidade os dois dias de provas. Certamente por não terem filhos, ou parentes próximos, entre os quase 300 mil que tiveram provas transferidas. Quem imagina que o problema acabou, está redondamente enganado. O resultado deste Enem será contestado na Justiça. Podem apostar nisto. Aliás, até mesmo os que desejam o tumulto, como os que coordenaram as invasões, podem ser autores de ações pedindo a nulidade das provas. Seria ou não uma forma de jogar um “problemão” no colo do governo? Aí, Executivo, Judiciário, Legislativo e Ministério Público, que se acovardaram no primeiro momento, terão que encontrar uma solução para o drama de quem deseja e precisa estudar. E aí, haverá coragem para decidir? Este problema, sem dúvida está criado. Mas fica uma sugestão para problemas semelhantes que venham a ocorrer: submetam a um teste os que estiverem na ocupação. Perguntem quem leu e, claro, quem entendeu, as medidas contra as quais protestam. Quem passar no teste, fica. Quem não passar, tem que abandonar a ocupação. Podem cravar: quase ninguém, de um grupo que já é mínimo, fica.

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