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Blog do PCO

É preciso buscar soluções possíveis. Não milagres

“A pior chuva, é a que ainda vem”, dizia do alto de sua experiência, o ex – prefeito biônico de Belo Horizonte, em meados da década de 1970, Luiz Verano. Os fatos comprovam sua teoria e vamos assistindo, a cada ano, temporais que destroem e matam. É bom nos precavermos pois o pior, como advertia Verano, ainda está por vir. Mas para isto precisamos, primeiro, de mais seriedade no trato do problema. Menos estrelismo e menos populismo. As chuvas em Minas, em Belo Horizonte especialmente, estão abrindo holofotes sobre os mesmos profetas do passado de sempre, com suas mesmas propostas de sempre e com argumentações que são apenas meias verdades. Não me incluo no rol dos chamados especialistas, mas dizer que as canalizações dos córregos é que causaram os desastres na zona sul é, sendo respeitoso, faltar com a verdade. Destruições provocadas pelos córregos do Leitão e Acaba Mundo, para ficar em apenas dois deles, fazem parte da história da cidade, desde quando ela, oficialmente, só existia dentro do perímetro da Contorno. O Arrudas, antes de “ser domado”, como dizia a propaganda à época de sua canalização e cobertura, deu à cidade belos espetáculos da força da natureza, inundando áreas que ainda eram consideradas da periferia e mesmo áreas centrais, como a Praça da Estação. A tragédia da Favela do Perrela, no início dos anos 1980, foi na área onde o Arrudas corria a céu aberto. Erros nas canalizações? Não tenho dúvidas de que eles existem e que precisam ser corrigidos. Precisamos, porém, discutir estas questões com menos paixão, sem olhos eleitoreiros. No sítio onde a cidade foi construída existiam, segundo a prefeitura, 700 córregos- muitos deles provavelmente já secaram-, menos da metade hoje canalizados. As precipitações de janeiro foram muito acima da média e, desmintam os especialistas se a afirmação não for verdade, causariam transtornos mesmo com os córregos abertos. Como já causaram chuvas mais fracas, repito. Certamente antigos moradores da rua dos Tupis, da Professor Morais, da atual Prudente de Morais, se lembram de outros estragos. Mas o fato de já terem existido outras enchentes e tragédias, em diferentes momentos da ocupação do solo na cidade, não significa que se pode desconhecer o problema. É preciso que a sociedade, o Poder Público e as entidades representativas de segmentos econômicos e profissionais, se mobilizem em busca de soluções para os problemas existentes e para a criação de regras para urbanização e ocupação do solo. Soluções existem. Que não sejam as ideais, mas que sejam pelo menos possíveis. As que andam propondo, sabemos todos, são impossíveis. Até por falta de recursos. Em tempo: a cidade precisa mesmo ser toda asfaltada? Algumas vias não podem ser apenas calçadas, como já foram , e portanto menos impermeáveis? É apenas uma pergunta.

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