O historiador comunista Eric Hobsbawm caracteriza, em sua obra “A Era dos Extremos”, o período abrangido entre o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, e a queda da União Soviética, em 1991, como o “curto século 20”. Analogamente creio ser lícito especular que o século 21 tenha o seu início em 2020, com a eclosão da pandemia do coronavírus. Imagino que essa praga introduzirá, com o seu rastro, profundas transformações em termos de comportamento e de aplicação de novas políticas pelos governos, com desdobramentos imprevisíveis, associados a conflitos de interesse e ao aparecimento de novas hegemonias. Sem a vantagem da retrospectiva de que se valeu Eric Hobsbawm, quando publicou sua famosa obra em 1994, não enxergou como ter uma tênue visão de como e quando o presente século terminará. Seja ele curto ou longo, só espero que tenha um final feliz. E relembrando o nosso último carnaval, me vem à mente uma visão antagônica ao pensamento inicial de Friedrich Nietzsche: e aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que temiam o casamento da música com a pandemia, que já se avizinhava.
Final incerto
