Logo
Blog do PCO

Não temos direito ao silêncio

Não, este é um dia em que não podemos fazer um minuto que seja de silêncio em homenagem aos milhares de mortos de Brumadinho. Não, não errei. São mesmo milhares os mortos, apesar da contabilidade oficial registrar pouco menos de três centenas de pessoas tragadas pela lama, onze delas ainda não localizadas. Mas não foram apenas elas as vítimas. Vítimas são também seus familiares e amigos. Vítimas que viram partir pessoas queridas e sonhos. Muitos sonhos. Vítimas também foram o meio ambiente – vegetais, animais, paisagens- e toda a economia da cidade e de parte da região. Vítima também foram os rios e córregos, e a infraestrutura da região. Vítima também foi a Vale, uma empresa que nasceu como Vale do Rio Doce, e que era o orgulho de Minas, um símbolo da capacidade brasileira de gerar riquezas. . Esta Vale – que já foi do Rio Doce – acabou. Restou uma empresa obstinada pelo lucro, que na busca de seus objetivos não se importou em sacrificar vidas, como denunciam as autoridades responsáveis pela apuração da tragédia de um ano atrás. Uma tragédia que não foi provocada pela Vale. Uma tragédia que tem nome, sobrenome. Nome e sobrenome das pessoas físicas que comandavam a Vale, uma pessoa jurídica apenas. Isto precisa ficar bem claro. É preciso transparência, mostrar ao mundo os nomes dos que, por irresponsabilidade e ganância, provocaram tanta dor, tanta destruição. A justa punição dos culpados, tanto na área criminal quanto cível, é o que espera a sociedade brasileira e as pessoas sensatas de todo o mundo. Ninguém deseja o fim da Vale, uma empresa importante para o Brasil e para a economia mundial. Ninguém procura vingança. Clamamos por punições justas e exemplares para que não mais aconteçam 25 de janeiro no mundo. Por isso nosso grito de silêncio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *