A percepção do setor de serviços de que a demanda está fraca e os custos estão aumentando tem levado os empresários a reavaliar seu quadro de funcionários. O indicador de emprego previsto já recuou 18,3% no acumulado deste ano e atingiu 86,8 pontos em junho, o menor nível da série histórica da sondagem da atividade, iniciada em junho de 2008. Ao todo, quase um quarto das empresas pretende demitir nos próximos três meses, tendência mais evidente nos serviços prestados às empresas e às famílias. “O resultado é consequência do momento ruim da situação atual”, analisa o economista Silvio Sales (foto), consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e responsável pela sondagem.
Ano já começou com pretensão de demitir
Os empresários de serviços já vinham, desde janeiro, mostrando maior propensão a demitir do que a contratar. Neste mês, o indicador de emprego previsto recuou 2,4% em relação a maio. De todas as empresas ouvidas, 23,6% planejam cortes, também um recorde. Há um ano, essa fatia era de 10,8%. A intenção é maior entre os serviços de baixa produtividade, que são justamente os mais intensivos em mão de obra. Setores incluídos neste grupo são os serviços prestados às empresas (que vão desde consultorias e serviços jurídicos a segmentos de limpeza e segurança) e os serviços prestados às famílias. Os empresários estão mais encorajados a reavaliar seu quadro de funcionários diante das poucas perspectivas de recuperação da atividade. Ao todo, 35% deles se classificam como “pessimistas”, um valor nunca antes observado na sondagem. Em junho, a piora mais acentuada veio do Índice de Situação Atual (ISA), que recuou 8,0%. A percepção de uma atividade fraca reforça a avaliação de economistas de que o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deve mostrar intensificação da queda na atividade, afirma o consultor da FGV. Em junho, 37,8% dos empresários apontaram demanda insuficiente como um fator limitativo à expansão dos negócios – também um recorde negativo na série. Além disso, o Índice de Expectativas (IE), que tinha subido em abril e maio, não sustentou o sinal positivo e cedeu 2,4%. “É um quadro mais difícil de recuperação no curto prazo”, nota Sales. Segundo ele, uma retomada no setor fica adiada para 2016.