Dedos em riste, pouco respeito e seriedade, marcaram o primeiro dia de reunião ordinária da nova CPI da Petrobras. Situação e oposição, se é que se pode identificar um e outro nos parlamentos brasileiros, iniciaram uma batalha que tem tudo para servir de fogo para assar mais uma pizza. O nível dos debates, ou dos xingamentos, mostrou que não há bem uma disposição de apurar fatos e punir culpados, mas uma preocupação em se impedir apurações que possam chegar a cabeças coroadas do PT, e, do lado das oposições, blindar seus líderes e xingar os petistas e seus seguidores.Ao longo do período de funcionamento da CPI vamos assistir cenas deploráveis como a de ontem, com parlamentares quase chegando aos tapas, com um linguajar perfeito para a briga de rua entre moleques adolescentes. A proposta apresentada pelo presidente da comissão, o peemedebista Hugo Motta (foto), da Paraíba, de criar quatro sub relatorias na CPI, como forma de agilizar os trabalhos da comissão, experiência realizada com sucesso na CPI do Mensalão, foi bombardeada até mesmo por partidos de fora da base aliada. As reações violentas de repúdio ao presidente, que se mostrou sem força e experiência política para reagir, deixaram claro que, à semelhança da CPI do ano passado, tudo ficará sem apurações mais detalhadas. A presença de Eduardo Cunha ao final, que apareceu de surpresa no meio do tiroteio, ficou parecendo coisa ensaiada, parte de uma ópera de má qualidade, que busca colocar o presidente da Câmara Federal como um homem democrata e sério, capaz de abrir mão dos privilégios de presidente da Casa para atender convocação de uma comissão de investigações, para responder perguntas sobre sua participação em atos de corrupção. Cunha usou o palanque da CPI para vender a imagem de um homem injustiçada, que não tem qualquer relação com o petrolão. Aliás, ninguém tem mesmo culpa de nada. Pensando bem, culpa só de empresários.
