O que fazer em um cenário politicamente tenso e com política econômica ainda indefinida? Um problema que afeta as empresas em toda mudança de governo. Pensando nisso, o presidente do Grupo Supernosso, Euler Nejm (foto), decidiu colocar o pé no freio. Os projetos pensados para este ano continuam, mas de forma mais comedida, até que se tenha mais segurança para avançar.
O ano começou muito tumultuado na política e na economia. A confiança do empresariado está baixa. Você está otimista em relação ao governo?
As mudanças de governo sempre criam expectativas tanto positivas quanto negativas. Nós ficamos na expectativa de novas medidas. É torcer para que elas sejam positivas. Mas muda muita coisa quando muda o governo. Muda a equipe econômica, muda a política econômica. O fundamental, o mais importante a longo prazo, e acho que todo o governo vai pensar é na criação de empregos, em crescimento. Às vezes os meios são diferentes e isso faz com que a gente saiba medir o acelerador. Quando vemos uma perspectiva positiva, nós aceleramos mais. Você está em uma reta, fazendo aquela analogia, com sol claro, dia firme, vamos acelerar mais. Se está de noite, chovendo e na curva, diminuímos o acelerador, mas não deixa de acelerar. Eu acho que as empresas têm que estar sempre pensando em crescer. Isso movimenta a economia. Não penso diferente. Sou um otimista nato. É preciso tomar precauções porque nós não sabemos as medidas que virão no curto prazo. Mas não vou abrir mão do meu projeto de expansão, de crescimento, de abertura de lojas tanto de Apoio Mineiro, quanto de Supernosso. Agora, vamos com mais cautela até ter uma visualização de médio e longo prazo das novas medidas que, certamente, virão. Todo ano tem novidades. Teve a pandemia da Covid, depois guerra. Não me iludo, alguma coisa sempre aparece e isso faz com que nós fiquemos resilientes em relação as intempéries, as mudanças que o mercado e a vida imprimem
É preciso contar com o imponderável.
É o imponderável. Mas isso tudo serve de motivação, porque nós fizemos um planejamento aqui e não é fácil. É mais fácil fazer o planejamento de longo prazo, de 5 anos do que o de um ano. Nós não sabemos em um ano o que pode mudar devido a mudança de poder. Nas empresas nós sempre medimos nesse planejamento a despesa, o crescimento de venda, a redução de despesa, pelo menos proporcional e o que eu sinto é que a administração pública só pensa em arrecadar, não pensa em reduzir despesa. Isso que é ruim porque a conta acaba vindo para toda a população.
O clima político está muito ruim, isso prejudica a economia?
Acho que o país ficou dividido, mas agora é torcer para nova a gestão dar certo. Chega desse negócio de baderna, disputa. A eleição passou, vamos para frente. Nós temos que olhar para frente, torcer e trabalhar para o sucesso do Brasil, da nova gestão. Brasil acima de tudo. Independente de partido, independente do governante, vamos olhar para frente. É lastimável esses acontecimentos de depredação da coisa pública, isso é ruim, não é benéfico, repercutiu mal a nível mundial. Isso tem que ser página virada. Mas a gente chega em casa, liga a televisão e eles ficam ainda nessa. Acaba que os comentários fazem com que a nação fique dividida e isso é ruim. Vamos pensar na unidade da nação. O país ficou muito dividido e os comentários ainda ficam instigando. A hora é de somar, juntar os cacos e olhar para frente. Independente de partido político, de ideologia, é preciso olhar para frente e pedir o apoio de todo mundo.
Os seus planos para 2023 estão mantidos?
Em 2023 estamos otimistas em relação ao crescimento de vendas, mas eu estou mais comedido em relação a abertura de novas lojas. A distribuidora Tecminas, do Grupo Supernosso, começa em fevereiro a distribuição da Raizen Lubrificantes Shell. Esse é o principal investimento do ano. Vamos também abrir lojas Supernosso, abrir Apoio Mineiro, mas com menos apetite, porque o cenário econômico com juro alto e todas essas incertezas de implantação de nova política econômica faz com que fiquemos mais cautelosos, até conseguir visualizar um horizonte mais à longo prazo. É hora de arrumar a casa e isso é importante. Não adianta só acelerar. Tem hora que tem que dar uma revisão do carro. (foto/reprodução internet)