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Factoring é alternativa para a obtenção de capital

Sobreviver a esta crise econômica não está sendo uma tarefa nada fácil. O crédito sumiu, as dívidas aumentaram e permanecer no mercado está cada vez mais difícil. Uma das alternativas que vem sendo buscadas por pequenos, médios e grandes empresários para manter o capital de giro tem sido factoring. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Factoring de Minas Gerais (Sindisfac), Marcelo Costa (foto), esta é uma atividade comercial que soma prestação de serviços à compra de ativos financeiros, como duplicatas e notas fiscais. Em Minas 630 empresas atuam com factoring.

 

Como os empresários podem utilizar esse sistema?

Factoring é uma atividade comercial, muitas vezes confundida com instituição financeira. Nós compramos títulos de crédito, qualquer recebível. O mais comum são as duplicatas e cheques. Nós também podemos comprar um contrato ou outro papel que seja direito creditório, um recebível. Nós não fazemos empréstimo. Nós compramos o título e viramos dono dele, diferente do banco, que desconta o título. Nós compramos o cheque e nos apropriamos daquele valor. Com o factoring, a pessoa está vendendo um ativo que ela tem. Ela não está pegando dinheiro emprestado e dando um ativo dela em garantia. No caso de uma indústria, que trabalha muito com financiamento do BNDES para fazer compra de maquinário ou estrutura de galpão, que envolve um investimento mais alto, se a empresa trabalha no factoring ou no Fundo de Investimento em Direito Creditório, que é basicamente a mesma coisa que o factoring, só que em outro modelo jurídico, ou nas securitizadoras, que são o instrumento que o Sindicato atua, essa empresa vai conseguir fazer o capital de giro dela, sem precisar utilizar o sistema financeiro nacional. Isso é uma coisa que os executivos das industrias maiores levam muito em consideração quando vão tomar recurso com factoring, Fundo ou securitizadora. A diferença é que o nosso foco, o nosso único produto é a compra, a aquisição do recebível. Além disso, nós não precisamos ficar empurrando para os nossos clientes produtos de qualidade ruim ou péssima, como por exemplo, o seguro de vida, capitalização, seguro de carro, ou consórcio. O gerente liga e diz me ajuda aí que tenho que vender esse produto, senão não bato a minha meta. O empresário fica refém do gerente, que pode diminuir o limite dele, aumentar a taxa e ele (empresário) acaba entrando nesta ciranda de compra de produtos ruins ou péssimos. São poucas as empresas que fazem esse cálculo. As que fazem acham que as nossas taxas são extremamente competitivas. É uma alternativa pós banking trabalhando com produto financeiro. O empresário pode usar do nosso dinheiro para fazer o seu caixa.

 

Em momentos de crise como agora, qual é a vantagem do factoring?

É preciso tomar cuidado porque a diferença é a seguinte: o factoring opera com capital próprio, já que estamos fora do sistema financeiro nacional. Não trabalhamos com a poupança. O banco trabalha com dinheiro da população, da poupança, então, tem que operar de forma mais conservadora do que nós. Se nós perdermos o nosso dinheiro, não tem problema nenhum. O problema é que vamos ficar mais pobres. Nesse ambiente de crise, o banco para de operar no mercado aberto, que é dos clientes, dos tomadores e vai para o mercado primário, que são os títulos do governo, que no Brasil hoje, é um ótimo negócio. Como a economia deu uma arrefecida muito grande, muitas empresas estão demitindo, aumenta o desemprego, a inadimplência, as empresas não conseguem mais honrar com os investimentos que elas tinham, e vão encontrando restrições. O banco, com a política mais conservadora, fecha as portas para esse tipo de crédito, porque esse cliente perdeu a qualidade técnica. Nós, vamos lá para saber o que está acontecendo, saber qual a probabilidade dele se recuperar e se ele estiver fazendo alguma coisa que consideramos errônea, nós vamos orientá-lo, nós vamos explicar que nosso foco é a compra de recebíveis e temos uma equipe treinada, que pode prestar um serviço, já embutido na taxa que ele paga, que chamo de fator de compra. Acredito que a pessoalidade no nosso atendimento, em um momento de crise, é o que há de mais valioso que podemos oferecer. O custo do nosso dinheiro, em momentos de crise, também fica bem próximo do praticado pelo banco, que aumenta muito as taxas. Só o IOF custa 0,5% para o cliente por mês. Se o cliente opera no banco com uma taxa de 3,5%, ele tem mais 0,5 de IOF, consequentemente a taxa foi para 4%. Isso se chama custo efetivo total. O Fundo não cobra IOF, então, ele vai estar pagando 3,5%.

 

E qual é a taxa do factoring? É próxima a do Fundo?

É mais ou menos essa. Entre 3 a 5%. É muito raro ser menos do que três e é raro ser mais do que 5%. Tem casos que são maiores e casos menores. Um cliente que opera muito e que tem um volume muito alto, que já opera no banco e em vários fundos, aí é preciso uma política mais agressiva.

 

Com que tipo de clientes o factoring trabalha?

Do micro ao grande empresário. Os maiores clientes que nós temos movimentam 130, 150 milhões de reais. Em São Paulo, temos factoring e Fundos que são maiores do que os bancos médios, com carteiras de 1,5 bilhão, a dois bilhões de reais.

 

É um negócio de risco, devido a inadimplência, que aumentou com a crise?

É de muito risco. Qualquer movimento macroeconômico, político afeta o nosso negócio. Não afeta toda carteira de clientes, mas, por exemplo, a cadeia de fornecimento das mineradoras, sofreu muito com a alta do dólar e queda da demanda, principalmente da China. Alguns desses clientes estão sucateados hoje, devido a uma contingência de mercado. Nós temos que trabalhar sempre atentos a essa diretriz macroeconômica para saber direcionar o cliente. É lógico que, quando o ambiente fica desfavorável, nós perdemos mais também. Por isso a taxa de juros aumenta nessa época. Não só o factoring, como os bancos e os grandes fornecedores de insumo e matéria prima. Isso acaba gerando inflação e diminuindo o nível de confiança do empresário, que passa a investir menos. A um tempo atrás, nós operávamos com taxa de 3,2%, hoje a nossa taxa média é por volta de 4%, porque a inadimplência aumentou. Mas em época de crise, o empresário se sente melhor atendido em uma factoring ou em um Fundo, do que em um banco. Mas não é a crise que faz o nosso negócio vendável. Ele é sempre vendável. O que muda é o custo do dinheiro, a demanda, que agora aumenta um pouco.

 

Como o setor avalia a mudança de governo?

Nós avaliamos com otimismo. Nós achamos que o novo plano de governo é interessante e de cunho um pouco mais liberal. Ele fala em privatizar, em vender ativos do governo, em aumentar as PPPs, em manter os impostos do jeito que estão, apesar de falarem que a CPMF vai voltar, o que eu, particularmente, acho um absurdo. Quando a CPMF deixou de existir, o IOF teve uma taxa que se chamava de IOF adicional, de 0,38%, que era o que a CPMF cobrava. Então, isso foi ilusório, já que a operação financeira continuou. Se a CPMF voltar, eles vão aumentar ainda mais a carga tributária e isso diminui, ainda mais, os novos investimentos, atinge a confiança dos empresários, aumenta a inflação. Mas esse é um governo menos radical, sem o viés esquerdista que a Dilma tinha. O emprego é gerado pelos empresários.

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