A presidente Dilma Rousseff (foto) fez o que pode para se manter afastada das denúncias de corrupção envolvendo as operações Lava Jato e Zelotes. Mas não teve jeito. Ela será ouvida como testemunha em um dos processos. O juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, autorizou na terça-feira que a presidente Dilma seja ouvida como testemunha de defesa em um processo que apura suposta compra de Medida Provisória que beneficiou o setor automotivo, conforme apontado em inquérito da Operação Zelotes. Também serão intimados outros oito políticos, como o ex-senador e atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT-SP), os senadores José Agripino Maia (DEM-RN), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Walter Pinheiro (PT-BA) e os deputados José Guimarães (PT-CE) e José Carlos Aleluia (DEM-BA). O juiz fez a ressalva de que Dilma e os outros políticos podem prestar depoimento por escrito, como previsto no artigo 221 do Código de Processo Penal. Segundo a 10ª Vara, os políticos também poderão declarar por escrito que nada sabem sobre os fatos citados na denúncia do Ministério Público Federal e, assim, serem dispensados de responder as perguntas. Caso queiram dar um depoimento presencial, poderão indicar, em prévio ajuste com o juiz, hora e local. Os políticos, incluindo a presidente, foram arrolados como testemunha pela defesa do empresário Eduardo Valadão, ex-sócio do lobista Alexandre Paes dos Santos. Valadão, que foi preso em outubro passado e solto dois meses depois, por decisão, em habeas corpus, do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Nefi Cordeiro. A intenção da defesa de Valadão seria mostrar que Dilma, na qualidade de ex-ministra da Casa Civil (2005-2010), e os outros políticos, que como parlamentares participaram da votação, no Congresso Nacional, da MP 471, nada sabem ou não confirmam a versão sobre “compra” das MPs investigadas na Zelotes. Os textos de MPs passam pelo crivo da Casa Civil antes de serem assinados pelo presidente da República.