Brasil agora só depois do Carnaval, dizia o ex governador Hélio Garcia, quando dezembro começava a apresentar os primeiros sons do Natal e Legislativo e Judiciário tratavam de apressar o início de seus recessos. Há quem garanta, no entanto, que este recesso, em forma de meio recesso, vai até após a Semana Santa. Pode não chegar a tanto, mas é um longo período de paralisação em um país que tem pressa de resolver questões angustiantes, como as reformas que tramitam no Congresso. É preciso rever esta situação o mais rapidamente possível. No caso do recesso dos parlamentares a justificativa era de que deputados- federais e estaduais- e senadores precisam de mais tempo para ter contato com suas bases, discutir com elas as questões relevantes que precisarão decidir no Congresso e nas Assembleias. Vamos admitir que esta tenha sido uma explicação válida, em razão das dificuldades de deslocamentos e comunicação no país. Isto não existe mais. Tanto tempo na ociosidade é um privilégio que nenhum outro trabalhador brasileiro tem., embora outra categoria, a da turma do Judiciário, desfrute de privilégios quase idênticos. No Executivo, a bem da verdade, também há privilégios, só que um pouco menores. Aliás, este é um tema que estará na pauta do debate político este ano. A reforma administrativa que o governo anuncia como uma de suas prioridades, será de difícil aprovação, pois vai mexer com grupos poderosos dentro da administração pública. Certamente até por isso, muitos empresários de alto coturno afirmam que sem a reforma administrativa muitas outras mudanças, como a tributária, terão pouca relevância. Sem mudar o Estado, sem enxugá-lo, sem tirar seus pés de cima da economia, pouco, ou nada, se conseguirá em relação a retomada do crescimento. Pode ser, mas esta não parece uma das prioridades do governo que, nos últimos dias do ano, se mostra mais interessado em soltar balões de ensaio sobre criação de novos impostos. Uma proposta que se mostra pouco palatável num ano de eleições municipais que são tão importantes para os deputados pois mexem diretamente com suas bases. Temas polêmicos em discussão e eleições municipais formam um quadro complicado para o Legislativo. Talvez isto faça de 2020 um ano pouco produtivo no Congresso. Pior para o país.