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Blog do PCO

A sensibilidade que vale

Diz a sabedoria popular que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso. Se de político então, mais sensível ainda. A sensibilidade é tanta que até antecipar volta ao trabalho ela é capaz. O recesso no Congresso só termina na próxima segunda, mas ainda hoje poderá acontecer uma reunião de lideranças partidárias convocada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, para discutir o veto do presidente Lula (foto/reprodução internet) a mais de cinco bilhões de reais em emendas de comissão aprovadas no orçamento deste ano. A reunião é para discutir os projetos de interesse do Legislativo. Em ano eleitoral, deputados se recusam a ficar sem recursos para liberar para seus apaniguados. É dinheiro que esperam se transformar em votos nas eleições municipais e, também, nas eleições de 2026. Garantir as emendas e derrubar outro veto, o de prorrogação do programa de desoneração fiscal de 17 setores da economia, são as prioridades dos deputados. Da maioria, não apenas da oposição. É curioso ver a atuação dos parlamentares em todas as esferas de Poder. A função constitucional do parlamentar é legislar e fiscalizar. Legislam, quase sempre em proveito próprio e fiscalizam pouco, quase nada, assim mesmo quando o governo é de oposição. E a Câmara quer ainda aumentar a imunidade – ou seria a impunidade – dos parlamentares, limitando o poder do Supremo Tribunal Federal na investigação de parlamentares envolvidos em crimes. Uma PEC propõe que o STF envie à Mesa Diretora da Câmara, pedido de autorização para realizar operação de busca e apreensão em gabinetes parlamentares. A Mesa Diretora terá dez dias para analisar o pedido, tempo mais do que suficiente para o desaparecimento de toda e qualquer prova. A proposta seria cômica se não fosse trágica por escancarar o descompromisso do Parlamento com a seriedade.

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