A decisão do Supremo Tribunal Federal de liberar a chamada “lista Fachin” e mais, texto e áudio das delações de todos os executivos e ex executivos das empresas do Grupo Odebrecht, expõe dramaticamente das entranhas do poder no Brasil. Revela com absoluta clareza como se faz política no país e o nível de promiscuidade entre empresas e poder. E que foi mostrado, por decisão do ministro Edson Fachin (foto), sob a alegação de que a Constituição “privilegia o interesse público à informação”, para nossa vergonha, não é novidade para a maioria do povo brasileiro. Pode haver, e há mesmo, uma surpresa aqui e ali nos nomes que apareceram nas delações, mas a maioria absoluta dos envolvidos já andava mesmo na boca do povo. É preciso, porém, não perder de vista que caiu o véu que envolve as relações dos políticos com apenas um grupo de empresários. Falta a delação de outros. Também é bom lembrar que as investigações estão mais concentradas a área federal. Elas não mexeram ainda com os poderes estaduais – exceto em alguns casos- nem com a corrupção nos municípios. Lamentavelmente, desta missa ainda não sabemos um terço. É importante, porém que se saiba que a divulgação dos nomes e da forma de operação de cada um dos citados, não há qualquer mudança na realidade política brasileira no horizonte. Aliás, o próprio presidente Temer, citado nas delações, mas, por enquanto fora das investigações como manda a lei, cobra que não haja paralisação do governo e do Congresso para não atrapalhar ainda mais o país. E, pensando bem, não poderia ser diferente. O STF apenas autorizou a abertura de investigações para apurar falcatruas de uma centena de políticos, muitos deles, é verdade “cabeças coroadas”, mas sem culpa formada. Agora vão começar a apurar. Se formos seguir o ritmo de nossa Justiça, em cinco, sete anos, começam os julgamentos. Na melhor das hipóteses. Mesmo assim, não desanime. Pelo menos a faxina começou.
Alma mais honesta do mundo
As muitas informações divulgadas da delação premiada de Marcelo Odebrecht, relacionadas ao ex-presidente Lula, movimentaram as redes sociais. Entre os comentários estava a cobrança de explicações, da “alma mais honesta do mundo”, como o ex-presidente disse ser, sobre o fundo de 40 milhões criado pela Odebrecht para atender as suas demandas; a contratação da empresa do sobrinho em Angola; aos 13 milhões de reais em espécie enviados ao ex-presidente e outras tantas informações repassadas ao juiz Sergio Moro. O depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro está marcado para o dia 3 de maio.