Brincando de cabra cega no poder

Acho que nada define melhor o Brasil de hoje do que a expressão popular “ balaio de gato com um cachorro dentro”. E isto mesmo. Estamos vivendo momentos da mais absoluta desordem, com um governo que claramente perdeu o rumo e que vive de pirracinhas com a sociedade e os adversários, numa tentativa de se mostrar o senhor da verdade, o iluminado que veio para conduzir o povo – que julga analfabeto e despreparado – pelos campos minados da economia e as pandemias. Talvez se encontre em Freud, ou num divã de psicanalista, uma explicação para o comportamento do governo comandado por presidente Bolsonaro, diante da pandemia do covid19 e em especial em relação ao uso de vacinas. O país com tantos problemas a resolver, tanta miséria, e discutindo se a vacinação de crianças é ou não indispensável. Chegamos ao absurdo do governo patrocinar uma consulta pública sobre a conveniência ou não de se aplicar a vacina nos pequenos numa tentativa- desculpem-me o termo – tresloucada de se validar com base em “achismo” de leigos, um enfrentamento com a ciência. Chegamos ao absurdo de dizer que as mortes de crianças ainda são poucas para justificar uma campanha de vacinação destinada a elas. Não, não é normal. Não há razão para este comportamento num país que, há cinquenta anos, ter uma tradição de campanhas de vacinação contra as mais variadas doenças. O que ganham os que insistem em agir desta forma, gerando uma convulsão interna? Pensam em criar um ambiente convulsionado que justifique a quebra da ordem institucional? E quem bancaria uma ação assim, destinada a manter no poder quem se mostra despreparado para exercê-lo. É hora de parar de brincar. O país merece respeito. Seu povo, suas crianças, inclusive os filhos e netos dos que estão brincando de cabra cega no poder. (Foto reprodução internet)