Logo
Blog do PCO

Controlar os exaltados, o desafio de Temer para remontar o governo

A tarefa agora é juntar os cacos e tentar fazer um governo que funcione minimamente. E não será fácil fazer isto. O presidente Temer (foto) sabe que está com uma base parlamentar inteiramente destroçada e precisa, o quanto mais rápido possível, recompor o grupo caso queira, realmente, levar adiante as propostas que andou prometendo e que, se realizadas, farão com que ele consiga entrar para a história pela porta da frente. Dependendo da extensão das reformas, por uma porta lateral. A primeira etapa da recomposição será conter os exaltados, gente que esteve engajada até o pescoço no esforço para salvar o presidente e que agora deseja todos os espaços do governo. Por eles, saem todos os partidos que não votaram maciçamente contra o pedido de abertura de inquérito. Os exaltados querem um expurgo geral. Quem votou contra Temer perde todos os cargos dos escalões inferiores. Algumas exonerações já foram feitas e, espera-se outras nesta semana. Mas nem todas serão feitas. O presidente sabe como ninguém que terá que “engolir alguns sapos”, mantendo nos cargos apaniguados de políticos que votaram contra ele, mas que podem ser muito úteis e que, por isso, não devem ser transformados em inimigos. Temer sabe também que não pode se tornar refém dos que o apoiaram, atendendo a todas as exigências. O presidente tem experiência política para saber que, como ensinavam as velhas raposas políticas de Minas, não se governa com os exaltados. Estes são bons para fazer campanha, mas costumam gerar grandes incômodos quando, no poder, pois julgam ter mais importância do que têm na realidade. O primeiro desafio do presidente, que ele já começou a enfrentar, mas que deve se dedicar mais a ele nesta semana, é segurar o PSDB ao lado do governo. A efetivação de Tasso Jereissatti no comando da legenda, abre novo rumo na conversa com os tucanos. O afastamento de Aécio Neves do processo, por seu envolvimento em esquemas de corrupção investigados pela Lava Jato, facilitou o diálogo, na medida em que tornou clara a interlocução. O presidente pode querer resolver logo este posicionamento, mas vai precisar de um pouco de paciência, até que as coisas se acomodem no ninho. Parte do PSDB quer se afastar do governo, de olho em 2018. Parte quer ficar para ajudar nas reformas. Tasso vai precisar primeiro segurar sua turma para depois conversar com Temer. O presidente, por sua vez, precisa jogar água fria para acalmar os ânimos de muitos peemedebistas que querem o poder só para eles. É muita briga a ser apartada. Enquanto isto, a economia patina e o povo sofre.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *