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De lado a lado, anda faltando verdade nos discursos

Paulo César de Oliveira
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Por mais que se tenha falado nos “tigrões” e “tchutchucas”, ainda não tratamos o assunto com a seriedade que ele exige. Esta disputa nos revela a mediocridade da oposição que temos. Um grupo de pessoas que parece um bando de adolescentes de férias. Aparvalhados que são incapazes de tratar em profundidade os assuntos importantes e, por despreparo, levam o debate para o campo da galhofa. Na falta de melhor argumento, buscam ridicularizar os oponentes. Não entro no mérito da discussão sobre a essencialidade, como dito até aqui, da reforma da Previdência. Que há necessidade da reforma parece evidente. O que é indispensável é debater a profundidade e o alcance destas mudanças. Aí entra a oposição. Cabe a ela, nas democracias, este papel de apontar falhas e rumos para aperfeiçoar as propostas dos governos. Assim como a base de apoio não existe para apoiar tudo, a oposição não existe para ser contra tudo. Mas é difícil não ser assim. Afinal, de um lado são muito fortes os argumentos do governo para cooptar apoios, de outro nossa oposição, especialmente o grupo atual, não consegue descer do palanque. E os argumentos que usa para contestar são, nitidamente, argumentos de palanque, de quem prepara o bote para as próximas eleições. Não é possível, como querem fazer crer as oposições, que não haja problemas de financiamento da Previdência. Que tudo é uma simples questão de cobrar de quem deve – o que precisa mesmos ser feito – e de aumentar os impostos para os mais ricos, e de uma tal de “grandes fortunas”. Se é tão simples, porque não fizeram nos dezesseis anos que ocuparam o Poder? Mas não pensem que apenas a oposição está sobre o palanque. O governo tem também um discurso falso. Dizer que a reforma da Previdência é a solução de todos os nossos males, que a partir dela seremos um país novo, diferente, com sobras de emprego, de renda elevada e povo feliz, é mentira. A reforma não terá, sozinha, o condão de fazer chover investimentos no país. Nada será no curto prazo. Mesmo os sacrifícios, inegáveis só serão sentidos, no mínimo, no médio prazo. Vender ilusão, e isto vale tanto para a situação quanto para a oposição, é risco certo. É fato que falar a verdade exige muito mais do que coragem de valentões. Exige liderança. E isto, não temos. E na falta dela, vamos assistindo o pobre espetáculo promovido por uma oposição juvenil e por uma situação descoordenada, que acredita que ainda é possível fazer as coisas na força. Como se a tivesse.

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