Lula (foto) aceitou ser ministro de Dilma. Pressionado pela possibilidade de vir a ser preso por atrapalhar investigações da Polícia Federal e dos Ministérios Públicos Federal e de São Paulo, o ex-presidente teria, segundo alguns petistas, concordado em assumir um ministério como forma de se proteger do Juiz Sérgio Moro. Como ministro ele ganhará fórum privilegiado e as investigações que apuram possíveis irregularidades envolvendo seu nome, passam a ser de responsabilidade do Supremo Tribunal Federal. O ex-presidente vinha se negando a aceitar o convite, mas ontem teria mudado de posição. A mudança teria sido provocada pela decisão da juíza da 4ª Vara da Justiça Federal, em São Paulo, Maria Priscilla Ernandes Veiga, de transferir, para o âmbito da Operação Lava Jato, a denúncia do Ministério Público paulista, que pede o indiciamento de Lula, Dona Marisa, do filho Fábio Luis e de outros envolvidos no caso do tríplex de Guarujá. Na avaliação dos petistas, a transferência, contra a qual a defesa do ex-presidente já recorreu, aumenta a possibilidade de decretação de prisão preventiva do ex -presidente. A ida de Lula para um ministério, possivelmente da Casa Civil, onde teria a missão de comandar as ações para barrar o pedido de impeachment da presidente Dilma, se por um lado tranquiliza seus seguidores, de outro assusta os meios econômicos. Ele teria condicionado sua ida para o ministério ao compromisso da presidente de mudanças na política econômica que tenta implantar no país. Lula e o PT querem a volta da política econômica adotada à época do “mensalão”, de busca do crescimento econômico com recursos do Tesouro e dos bancos públicos. Para os economistas não alinhados com o PT, a recessão vivida hoje pelo país tem raízes nesta política que o partido quer retomar agora. O anúncio oficial de Lula ministro pode acontecer ainda hoje. Ontem, através de nota, a presidente Dilma anunciou o nome do vice Procurador-Geral Eleitoral, Eugênio Aragão, para o ministério da Justiça. Ele substituirá Wellington César Lima e Silva, que deixou o cargo após o STF decidir que ele, como integrante do Ministério Público, não poderia acumular um cargo no Poder Executivo. Aragão também é dos quadros do MP, mas entrou na carreira antes de 1988, o que o livra da mesma restrição imposta ao antecessor. O novo ministro, que deve tomar posse hoje, foi acusado pela Polícia Federal, em 2005, de tentar atrapalhar as investigações do “mensalão”, quando elas chegaram ao nome do publicitário Duda Mendonça.