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Delegados acusam interferência na Lava Jato

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou nota ontem repudiando o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender depoimentos em sete inquéritos contra políticos investigados na Operação Lava Jato. A associação considerou o pedido como uma interferência na apuração realizada pela PF. Na quarta-feira, a pedido da PGR, o ministro Teori Zavascki (foto), relator dos inquéritos da operação no Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu depoimentos previstos para esta semana. A PGR alegou necessidade de realinhar a estratégia na condução da investigação. Para os procuradores, os delegados não seguiram a ordem de depoimentos estabelecida pela PGR, conforme a estratégia da investigação. A procuradoria chegou a pedir aos delegados o adiamento das oitivas, mas a PF informou que era necessária uma decisão judicial.

 

Uma briga que pode atrapalhar investigações

A decisão envolve sete inquéritos abertos pelo Supremo sobre 40 investigados, entre eles os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o tesoureiro afastado do PT João Vaccari Neto, preso na quarta-feira (15), e o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Nesses inquéritos, depoimentos foram marcados inicialmente para ontem e hoje. Ao chegar nessa quinta-feira (16)  para a sessão do STF, o ministro Marco Aurélio disse que a divergência entre a PF e o Ministério Público Federal (MPF) não é boa para a investigação. “O inquérito busca a verdade. É preciso que as instituições funcionem nas áreas reservadas pela lei. Não é uma coisa boa o desentendimento entre autoridades.” acrescentou o ministro. Para Marco Aurélio, é preciso que dois órgãos de investigação trabalhem em harmonia. “Se não é estabelecida uma ordem [dos depoimentos], ela [PF] define. A ordem deve ser realmente consentânea com o que se espera na tramitação no inquérito. Não pode haver tumulto, inversão na audição dos envolvidos, dos investigados, das testemunhas”, avaliou.

 

No fundo, uma briga de egos e de poder

A questão envolvendo a Operação Lava Jato é mais uma divergência entre o MPF e a PF, relacionada com os limites do poder de investigação de cada órgão. Esta semana, a PGR emitiu nota técnica contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 412/2009) concedendo autonomia à PF. Os procuradores são contra a promulgação da PEC. Eles entendem que a PF exerce atividade armada e deve ser submetida a controle rigoroso. Eles também alegam que uma das atribuições do órgão é o controle externo da atividade policial. Os delegados entendem que a PGR não pode ter o controle exclusivo sobre a PF. Segundo eles, o MPF pretende esvaziar e enfraquecer o órgão.

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