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É hora de punir políticos e empresários corruptos

Paulo César de Oliveira
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Os empresários brasileiros, assim como toda a população, têm pagado um custo alto com o prolongamento da crise política e econômica brasileira. Mas o que mais preocupa é o fato de, mesmo com as manifestações de rua, o governo não consiga respostas para a população. Para o vice-presidente da Fiemg, Sérgio Cavalieri (foto), os empresários brasileiros querem regras claras e punição rigorosa para empresários e políticos corruptos. A limitação da participação das empresas nos processos eleitorais é um alívio, segundo o empresário, que não acredita que as empresas vão se arriscar a fazer caixa dois para ajudar partidos e candidatos.

 

As manifestações de rua contra o governo conseguiram mandar um recado, mesmo com os sindicatos e alguns partidos alinhados ao governo saindo às ruas para defendê-lo?

A última manifestação contra o governo foi muito clara de que se quer uma nova forma de administrar o país. As reivindicações não eram por correntes ideológicas, mas o desejo de que o país funcione melhor, que seja mais eficiente, que não tenha corrupção, que não tenha desvio dos recursos públicos, que administrem corretamente, que a população tenha de volta tudo o que ela paga em impostos. É lógico que tem toda a questão da Lava Jato, todos esses escândalos, que apesar de alguns ainda não acreditarem, está mais do que provado que existiu e existe muita corrupção.

 

O governo entendeu?

Não é possível que não entendeu, com a quantidade de gente mobilizada, que poderia estar em casa ou se divertindo, mas foi para as ruas, com dificuldade de acesso, nós sabemos que não tem transporte de massa. O recado é muito claro. Para quem tem ouvido que ouve e olhos que enxerguem, ficou claro o recado.

 

Para os empresários que estão pagando o ônus da crise econômica, como está sendo?

Tem um recado para os empresários também que se envolveram nas questões da Lava Jato e nos esquemas não éticos, de concorrência desleal, de não aceitar a competição que faz parte do mundo dos negócios. Tem empresários, que formam a maioria, que não compactuam com essa corrupção e estão exigindo um ambiente que seja ético, que seja competitivo, mas que seja uma competição dentro dos parâmetros de eficiência, de qualidade, de inovação, de tecnologia, regras que valham para todos. Esses empresários também estão descontentes com o governo, com o excesso de gastos dos governos.

 

As empresas estão pagando um custo alto por causa da crise?

O governo só fala em aumentar os tributos. Nós não vemos o governo reduzir gastos, quando toda iniciativa privada está tendo que reduzir, inclusive com demissões. É extremamente duro você ter que demitir, deixar um pai de família desempregado. Além disto, todo o empresariado ficou mais pobre. As empresas reduziram o seu valor, reduziram seus negócios. Muitas fábricas fecharam. O esforço no passado que os empresários fizeram abrindo lojas, fábricas, agora está retrocedendo e fechando fábricas. Quando acontece isto a empresa perde o valor e o empresário fica mais pobre. As pessoas ficam mais pobres. No mercado de ações isso é refletido no valor das ações das empresas, que passam a valer muito menos do que valiam tempos atrás. O setor empresarial quer um governo diferente, mais eficiente, com regras claras e sem uma regulamentação excessiva, mas que seja eficiente, forte e que valha para todos. O Brasil precisa ser um país com menos burocracia, que seja mais rápido, mais veloz. As coisas no Brasil são muito lentas. O Brasil perdeu a competitividade. Agora está conseguindo uma certa bonança por causa do dólar, que faz uma barreira à entrada dos produtos importados e dá alguma competitividade para a exportação brasileira. Mas a competitividade brasileira não pode ser via câmbio. Nós temos que ser competitivos por sermos competitivos. Do jeito que o governo funciona, ele tira a competitividade da indústria brasileira.

 

O fato de ter limitado a participação das empresas nas eleições muda essa relação do empresário com o candidato, com o processo eleitoral?

Pessoalmente acho positivo que a empresa não tenha que se envolver com a política. Se o empresário quer se envolver, eu acho que é importante para o empresário que tenha essa vocação, que tem esse propósito de servir. Acho que ele deve se envolver na política. A empresa não. A empresa não tem nada a ver com isso. A empresa é um outro ente, com CNPJ. A regra foi boa e vai trazer mais transparência. Não acredito em caixa dois. Caixa dois é um risco tremendo para as empresas e para o empresário. Não acredito que nós teremos esse retrocesso, dos empresários partirem para o caixa dois para usar dinheiro da empresa ilicitamente, para suportar as campanhas, não acredito nesse argumento que muitos utilizaram, que nós teríamos um retrocesso e que voltaríamos com todo esse esquema de caixa dois. Na minha opinião, foi uma evolução e nós tiramos essa pressão sobre as empresas e aí, o empresário, se ele tiver dinheiro, se ele tiver recurso, ele vai participar entrando na política, apoiando financeiramente com recurso dele, que vai tirar das suas economias, dos dividendos que receberam, da forma legal que ele puder apoiar os candidatos que mereçam o apoio dele.

 

O Sr. acha que as punições para os empresários nessas operações têm sido muito fortes?

Acho que tem sido bastante fortes e espero que também o STF acelere contra os políticos. As provas são concretas, verdadeiras, consistentes e espero que do outro lado, o STF faça o julgamento dos políticos e que as punições sejam pesadas também, para que seja um desestímulo a esse tipo de postura no Brasil, porque nós chegamos a um nível absurdo sistêmico e não podemos continuar desse jeito.

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