O ex-presidente Lula (foto) e seus auxiliares precisam repensar a estratégia de sua defesa diante das acusações que vão surgindo. O que se fez até aqui foi jogar desculpas para dar à militância um discurso, evitando a dispersão. Mas, por enquanto pelo menos, foram apenas migalhas que não alimentam por muito tempo um discurso, mesmo que apaixonado. Claro que Lula e sua família não podem sair por aí falando tudo o que têm em suas defesas. Se é que têm algo. Mas as desculpas esfarrapadas, o dizer ou não dizer, pode ser, e com certeza é, pior. Pouco a pouco, o que se percebe é que a acusação como forma de defesa vai minando a confiança até de quem quer acreditar. Lula, aliás, o Instituto Lula, tem sido pouco convincente até aqui, mesmo na geração de peças de defesa. A ficar dizendo que meu cachorro pode ser feio, mas o seu é horroroso, como respondeu agora a uma crítica muito dura do governador Alckmin, que pela primeira, de forma explícita, chamou o ex-presidente Lula e o seu partido, o PT, de corruptos e sem ética, talvez fosse melhor o silêncio. A fala vazia, leva, mais cedo ou mais tarde, ao descrédito. O repensar estratégia é sugestão que vale também para o PT que está no governo. Ficar a dizer ao vento que o ex-presidente tem sido vítima de perseguições políticas, jogando lama sobre instituições de Estado e até mesmo outros Poderes, é um enorme risco. Se há a mínima suspeita de que há mesmo um complô de instituições e Poderes contra o ex-presidente, é dever de quem acusa indicar culpados. Até porque se há armações, elas estão acontecendo com dinheiro público e com abuso de poder. E isto é crime. Lula é um nome importante na política brasileira. Alguém que tinha tudo para ser um líder verdadeiro e que, por isso, tem até mesmo a obrigação de se defender. De explicar-se ao povo que confiou nele. Não tem o direito de decepcionar os brasileiros. Mas que faça isto com seriedade.