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Joaquim Levy foi embora

Paulo César de Oliveira
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Ontem, o já ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy (foto), confirmou o que a minha coluna da penúltima edição da revista Viver Brasil antecipou. A coluna informou que ele não “comeria castanhas de Natal” como ministro. Na realidade, Levy estava cansado de falar com a presidenta Dilma, cobrar as providências necessárias, mas ela, pressionada pelo PT e até por Lula, não vinha ouvindo as ponderações do ministro. Joaquim Levy até que ficou um bom tempo, até esgotar a paciência. Pela manhã, num café com jornalistas, o ministro, já demissionário, afirmou que não se sentia traído pela presidente, mas, decepcionado com o andamento das providências para a efetivação dos ajustes. Ele garantiu que fez o que foi possível fazer. Ele não escondeu sua preocupação com a economia brasileira, mesmo considerando que ela “tem fundamentos sãos”. Levy considera que o país precisa fazer o ajuste agora, reduzir suas despesas, pois tem muitas dívidas a pagar.

 

Barbosa chega sob as bênçãos de Lula

Pois, justamente por pensar o contrário, é que Nelson Barbosa saiu do Ministério do Planejamento para ocupar o lugar de Joaquim Levy. Barbosa defende que o Estado faça investimentos e crie estímulos para movimentar a economia. Por ser desta corrente de pensamento que se tornou o preferido de Lula para comandar a economia. O nome do ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, chegou a ser ventilado por Dilma. Barbosa, no entanto, chegou ao novo cargo com cautela, assumindo o compromisso de levar adiante os ajustes na economia que considera prioritários neste momento. Não falou, no entanto, em fazer cortes em despesas. Nelson Barbosa chega ao Ministério da Fazenda sob investigações do Tribunal de Contas da União, acusado de ter assinado algumas portarias consideradas “pedaladas”. Ele assinou os documentos nas eventuais substituições do ex-ministro Guido Mantega. Para substituir Barbosa no Planejamento foi escolhido Waldir Simão que comandava a Controladoria-Geral da União, homem de confiança do hoje ministro da Educação, Aloísio Mercadante.

 

Não interessa quem ocupa o cargo. Quem manda é Dilma

Ainda em meio a rumores sobre a saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou que “quem banca” a política econômica do país é a presidente Dilma. “Há um equívoco dos que fazem a leitura sobre os caminhos do governo da presidenta Dilma. Quem banca a política econômica não é o ministro da Fazenda. Quem banca a política econômica é a presidenta da República, e ela convoca o ministro para cumprir. Evidentemente, que discute com ele”, disse Jaques Wagner. “Mas se ilude quem aponta o fuzil para este ou aquele ministro. Quem vai bancar a política econômica, quem decide ouvindo outras pessoas, o ministro, é ela. Quem bancou a questão do ajuste fiscal foi a presidenta Dilma”, concluiu o ministro que era um dos vários nomes para o cargo.

 

Nem técnico, nem político

Em função das especulações sobre possíveis substitutos de Levy, Jacques Wagner, afirmou que a escolha do perfil de um possível novo ministro deve ser da presidente Dilma. Ele, porém, disse não gostar da separação entre perfil técnico e perfil político. “Eu não gosto muito dessa separação político e técnico porque eu brinco sempre: um técnico puro que for um elefante em cristaleira, em seis meses cria muito problema para o governo. E uma seda entre cristais, que não resolva nada, não resolve a vida do governo”, brincou. “Quem está na missão de ministro tem que ser técnico e político, porque precisa conversar com o parlamento, com empresários, com trabalhadores”, concluiu o ministro.

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