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Júlio Damião, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças

Poucos setores avançaram em 2023, e para 2024, o cenário não se mostra muito diferente. O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças(IBEF), Júlio Damião (foto/reprodução internet) , alerta que os números não mentem e mesmo com alguns avanços como com a reforma tributária, o brasileiro pode começar o ano pagando mais impostos. Além disso, sem perspectivas claras de melhora, o consumidor está gastando menos e as empresas estão com os investimentos represados e sem grandes expectativas. 

O ano de 2023 foi o das expectativas? 

O ano de 2023 nós temos que colocar num quadro. Logo em janeiro, tivemos o problema com a Americanas. Depois, o problema grande com o caixa das empresas, com todas as empresas terminando com um ano muito difícil. Todo mundo reduziu, algumas empresas, alguns poucos segmentos bons. A construção civil com o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, é um mercado que está crescendo, mas todos os outros segmentos estão com problema. Então, 2023 foi um ano que a gente tem que aprender e colocar em prática os novos desafios para 2024. 

 As expectativas em relação à economia acabaram não se concretizaram? 

Para quem me pergunta isso faço a seguinte análise: o que se concretizou em 2023, que vai gerar resultado em 2024? Continuamos com uma inadimplência alta, atingindo 71 milhões de brasileiros, com o dólar alto e a Selic alta. A inflação diminui um pouco, mas muitas vezes o próprio consumidor, ou as próprias empresas, não enxergam isso claramente, e aqui não vai nenhum posicionamento político, é apenas um fato de dados da prática que a gente vive. Estamos com essas diretrizes que a gente não consegue entender ainda com calma para 2024, então, principalmente para o primeiro semestre vai ser muito complicado.

Quer dizer que tanto empresários quanto a população continuam na expectativa. Não avançam, não gastam, não fazem investimento porque não sabem o que está por vir? 

A Black Friday deste ano foi a segunda pior. Desde 2010 que tem a Black Friday no Brasil e a de 2023 foi a segunda pior. A primeira pior foi a de 2022. Então isso é um reflexo de que ninguém está comprando. Ninguém está efetivamente tirando um dinheiro do bolso e isso reverte no prejuízo ou menor lucro das empresas. 

 A reforma tributária e as medidas que o governo está tomando vão impactar de alguma forma? 

A reforma tributária sim, só que, quando o texto foi pro Senado, ele foi modificado para mais segmentos, com exceções tributárias, e isso vai fazer IVA ser maior e, ainda com um possível aumento do ICMS dos estados para compensar as perdas, isso quer dizer que podemos começar 2024 com uma carga tributária muito maior do que a gente tem hoje. Olha que cenário que a gente está entrando. 

Então 2024 tende a ser um ano, talvez, até pior que 2023? 

Acredito que temos que prestar muita atenção nisso, mas não existem elementos importantes, fatos e dados que configuram que 2024 vai ser melhor. Nós como financistas, somos muito pragmáticos, olhamos muito os números e enxergamos muito. Claro que tem oportunidades, tem muita gente com caixa, tem muito fundo de investimento com dinheiro querendo investir no Brasil, tem muita empresa que está passando aperto, mas que tem produto bom, está em segmentos bons, com oportunidades para serem compradas a preços bons. Mas no geral, vemos uma macro economia que vai refletir no bolso de todo mundo, de uma forma muito preocupante. 

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