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Lula começa a trabalhar hoje. As ruas protestam

Paulo César de Oliveira
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O ex-presidente Lula volta hoje a despachar no Palácio do Planalto, agora como subordinado de sua cria política, a presidente Dilma. Ontem, depois de uma manhã agitada, o ex presidente foi anunciado como novo titular da Casa Civil, ocupando a vaga de Jacques Wagner que foi deslocado para a função de ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, cargo que ninguém sabe ao certo para que servirá. O anúncio, como esperado, gerou protestos de políticos, da sociedade e do mercado financeiro, que só se acalmou após entrevista coletiva da presidente anunciando que Lula terá o poder que precisar para reorganizar politicamente a base governista, mas não terá autonomia para mudanças na equipe, especialmente a econômica. Além disso, foi a presidente que garantiu, o ex presidente está comprometido com o ajuste fiscal e terá, como uma de suas missões, fazer com que ele ande no Congresso. Dilma até se mostrou irritada com perguntas sobre os motivos da nomeação de Lula para um ministério, assegurando que, ao contrário do que circulava nos meios políticos, não era parte de uma estratégia para assegurar a ele foro privilegiado, retirando das mãos do juiz Sérgio Moro as apurações de crimes que envolveriam Lula. Isto foi no final da manhã. Logo depois o juiz Moro retirou o sigilo das investigações envolvendo o ex presidente e o mundo político veio abaixo. Entre o material tornado público, estão gravações de diálogos de Lula com diversos políticos. Elas foram feitas através de grampo telefônico autorizado pelo próprio juiz. A última conversa grampeada foi entre Lula e a presidente. Desmentindo o que dissera sobre a garantia de foro especial ao seu padrinho político, Dilma comunica que estava enviando a ele o termo de posse para ser usado se necessário. No falou diretamente, mas o uso deveria ser em caso de uma batida da Polícia Federal em cumprimento de mandatos judiciais. Em outras conversas, Lula cobra de Jacques Wagner ação do governo para conter a Operação Lava Jato, xinga Judiciário e Congresso e, em alguns momentos se mostra preocupado com “a República de Curitiba”, numa alusão ao juiz Moro e à força tarefa da Lava Jato. Tão logo as gravações foram divulgadas em emissoras de rádio e televisão o país se levantou. Manifestações surgiram em várias cidades brasileiras – em Brasília houve ameaça de invasão do Planalto- obrigando a presidente Dilma a antecipar a posse de Lula, do novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, do novo ministro da Secretaria da Aviação Civil, o peemedebista Mauro Lopes e de Jacques Wagner no cargo que arranjaram para ele. A posse deles estava marcada para terça-feira mas a antecipação para hoje foi a desculpa que os advogados da presidente arrumaram para explicar a conversa dela com Lula, anunciando que estava enviando o termo de posse para que ele usasse, se necessário fosse. Até uma edição extraordinária do Diário Oficial da União foi arrumada para que fosse publicado o ato de nomeação do ex-presidente Lula. Enquanto a presidente e seu agora subordinado Lula, cuidavam de tentar encontrar explicações, o Supremo Tribunal Federal julgava recurso da Câmara dos Deputados contra o rito de encaminhamento do processo de impeachment da presidente. O STF, atendendo pedido da defesa da presidente, fixou um rito que praticamente retira da Câmara dos Deputados o poder de julgar o impeachment, transferindo para o Senado a decisão final sobre o processo. Em dezembro, quando o STF alterou o rito de tramitação do impeachment, o governo tinha maioria no Senado, situação que, garantem alguns, já não é tão tranquila. Com o fim da discussão no Supremo, o presidente da Câmara. Eduardo Cunha, anunciou que hoje inicia a tramitação, com a instalação da Comissão Especial que vai analisar a admissibilidade do processo. Ele garante que, em 45 dias, tudo estará decido na Câmara. O problema passará então para o Senado. Hoje deve chegar ao Supremo uma reclamação do PT e do governo contra o juiz Sérgio Moro, acusado de ter sido arbitrário na divulgação das gravações do grampo. O juiz já se defendeu e explicou que agiu dentro de princípios constitucionais que estabelecem a publicidade dos atos do Poder Público. Do povo, que vai assumindo seu papel de protagonista na vida política, espera-se mais manifestações. Contra e a favor de Lula e Dilma.

 

Presidente da Fiemg diz que Judiciário permite essa chicana no país

A notícia de que o ex-presidente Lula volta ao governo federal com todo o poder não surpreendeu o presidente da Fiemg, Olavo Machado Jr. Para ele “com essa ‘chicana’ que o Judiciário permite”, fica difícil contestar. “Mas uma vez que a presidente Dilma tomou essa decisão, o que se espera de Lula é que ele seja um ministro moderado, como o foi quando presidente, colocando os problemas do Brasil à frente dos interesses privados”. Para Olavo Machado, “não adianta ficar reclamando de uma situação que nós não vamos conseguir modificar. Se a lei permite que seja feito dessa maneira, não há como ir contra o que a lei permite. Só espero que ele tenha menos rancor e trabalhe mais para desenvolver o Brasil, que está a cada dia surpreendendo o mundo com notícias ruins e desagradáveis”. O rancor é devido a comparação que Lula fez da figura dele com a de uma jararaca. Segundo Olavo Machado, “não se governa com o fígado, pensando em vingança”.

 

Ex-ministro Carlos Veloso diz que Lula está fugindo da investigação da Lava Jato

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Veloso, não poupa críticas ao ex-presidente Lula, pelo seu retorno ao governo como ministro da Casa Civil. Para Veloso, “Lula está fugindo da investigação ao se abrigar no foro privilegiado, que não passa de uma excrescência”. Mas o tiro pode sair pela culatra se, segundo Veloso, o Supremo encarar essa manobra como uma ofensa e julgar o processo contra Lula rapidamente. O ex-presidente Lula está sendo investigado na Operação lava Jato e pelo Ministério Público de São Paulo. Além disso, Veloso acredita que o retorno de Lula ao governo também vai representar uma piora na economia brasileira, já que ele vai querer repetir o que fez em uma época em que o país tinha dinheiro e “vamos caminhar mais rapidamente para o caos” já que agora, ele só tem contas a pagar.

 

O povo protesta

Manifestação em frente ao Palácio da Liberdade ontem à noite, reuniu pelo menos 400 pessoas, para pedir a renúncia da presidente Dilma e contra a nomeação do ex-presidente Lula para ministro da Casa Civil. A manifestação foi marcada pelas redes sociais. Vários motoristas também fizeram um buzinaço pelas ruas da cidade. As manifestações aconteceram em várias cidades brasileiras e o Distrito Federal. Em São Paulo, na Avenida Paulista o prédio da Fiesp foi iluminado de verde e amarelo e manifestantes tomaram a avenida. Em cidades do interior paulista também ocorreram protestos. Em Brasília, cerca de cinco mil pessoas ocuparam o espaço em frente ao Palácio do Planalto. Também ocorreram manifestações em Fortaleza, Recife, Maceió, Campo Grande, Cuiabá e Porto Alegre.

 

Repercussão da decisão do ex-presidente Lula de assumir o ministério da Casa Civil

Perguntas que estão correndo as credes sociais desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu assumir o ministério da Casa Civil: depois da renúncia branca o que Dilma vai fazer? Arrumar as malas e visitar os netinhos, servir o cafezinho de Lula, vai começar a tricotar ou ainda, diante de tanta humilhação, se não seria mais digno para a presidente renunciar. A frase do ex-presidente Lula em um de seus inflamados discursos de que “Pobre quando rouba vai para a cadeia, rico vira ministro”, está sendo considerada como uma profecia. Decididamente, o Brasil não é para amadores.

 

Comissão de ética do PMDB vai analisar desobediência de Mauro Lopes

A Comissão de ética do PMDB vai se reunir amanhã para discutir a situação do deputado federal Mauro Lopes. O parlamentar mineiro decidiu desobedecer a orientação do partido de não aceitar nenhum cargo nos próximos 30 dias e assumir a Secretaria Nacional de Aviação. A pasta foi um prêmio para a bancada mineira, que votou em favor da indicação de Leonardo Picciani para a liderança do PMDB. Mauro Lopes pode ser punido com a suspensão e até com a expulsão.

 

PRB rompe com o governo e devolve ministério dos Esportes

A bancada do PRB decidiu, por unanimidade, romper com o governo da presidente Dilma, em reunião realizada ontem, em Brasília. Os 21 deputados federais do partido adotarão uma postura de independência na Câmara e no Senado. George Hilton, que ocupa o Ministério dos Esportes, vai colocar o cargo à disposição da presidente. O presidente nacional do PRB, senador Marcelo Crivella, que vai se filiar ao PSB, disse que até lá, adotará uma postura independente no Senado.

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