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Lula defende fidelidade do PT com o governo Dilma

Paulo César de Oliveira
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Compromisso com o que a presidente Dilma enviou ao Congresso como medidas necessárias para a recuperação da economia brasileira. Foi isto o que o ex-presidente Lula (foto) cobrou dos petistas ontem (29), em discurso na reunião do Diretório Nacional do partido, em Brasília. A cobrança foi uma chamada aos petistas que são contra o ajuste fiscal proposto pelo ministro Joaquim Levy e que tem enfrentado sérias resistências de correntes petistas, inclusive do presidente nacional da legenda, Ruy Falcão. Lula, em sua fala, admitiu que a presidente Dilma foi eleita com um discurso, mas que, já em dezembro do ano passado, foi obrigada a adotar outro discurso, inclusive anunciando que faria o que, na campanha, prometeu que não faria. “Ganhamos as eleições com um discurso, mas depois fomos obrigados a adotar outro discurso, inclusive fazendo aquilo que, na campanha, dissemos que não faríamos”. Para Lula, é preciso que o PT, como o partido que elegeu a presidente, precisa ajudar a aprovar logo o pacote de ajustes para que o país tenha condições de retomar o crescimento econômico, sem o quê a crise política pode se agravar. Ele defende que, em nome da aprovação das medidas econômicas, o PT busque o diálogo com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros. Só depois de resolver a questão do ajuste, o PT, defende Lula, deve pensar em discutir o impeachment da presidente. Lula cobrou ainda dos petistas que eles ocupem as ruas na defesa das ações do governo Dilma, num grande esforço para vencer as eleições do ano que vem. Em sua fala Lula fez referências às acusações que estão sendo feitas à sua família, de suposto envolvimento em desvios de recursos públicos. Seu filho, Luiz Cláudio Lula da Silva foi intimado pela Polícia Federal para depor. “Tenho outros filhos e, pelo visto, esta situação não vai acabar. Já falaram até que uma de minhas noras recebeu R$2 milhões. Tenho quatro noras. Daqui a pouco elas estarão brigando para saber quem recebeu”, ironizou.

 

Levy pensa como Lula. Ou Lula pensa como Levy

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declarou nessa quinta-feira (29), em Londres, que o Brasil só voltará a crescer quando a questão fiscal for resolvida. Levy disse não saber em que prazo será resolvida a questão fiscal. “O problema fiscal ainda não foi tratado com a energia que deveria. Muita gente no Congresso sabe disso”, acrescentou. O governo aguarda a aprovação do Orçamento de 2016 e das medidas fiscais que permitirão a redução dos gastos públicos e a elevação da arrecadação no país. Depois de dois dias de reuniões na capital britânica, o ministro declarou que o cenário de incerteza gera receio entre os investidores estrangeiros e brasileiros. Ele disse, porém, que ao mesmo tempo em que trabalha para garantir uma política fiscal sólida, o governo tenta atrair investimentos em infraestrutura para ajudar “o país a se tornar mais eficiente, gerando empregos e incentivando a economia”.

 

Força tarefa em busca de investimentos

Levy citou a área de portos, entre as que continuam a receber maciços investimentos privados. Acrescentou que o leilão das 29 usinas hidrelétricas com concessões vencidas, previsto para ocorrer no dia 25 de novembro, permitirá a geração de recursos sem a necessidade de aumentar impostos. O ministro atribuiu à demora na aprovação do ajuste fiscal a alta na taxa de desemprego, que atingiu 8,7 por cento no trimestre finalizado em agosto, e à elevação da inflação. A inflação – medida pelo Índice Geral de Preços (IGP-M) – utilizada para reajustar a maioria dos contratos imobiliários, aumentou 1,89% em outubro, contra 0,95% no mês anterior. “Se as empresas estão receosas e não sabem o que vai acontecer com a economia, elas começam a se contrair, gerando desemprego”, disse. Mesmo com todos os números negativos, Levy pediu otimismo aos brasileiros e afirmou que a torcida negativa não contribui para o crescimento do país. “O Brasil já superou muitos momentos de dúvida, muitas pessoas acreditavam que o Brasil não conseguiria pagar as dívidas, mas temos uma grande população, um grande mercado consumidor, companhias fortes. Precisamos criar um cenário em que as pessoas se sintam confiantes para avançar”, afirmou. Em Londres, o ministro brasileiro e o ministro das Finanças do Reino Unido, George Osborne, decidiram criar uma força-tarefa com o objetivo de ampliar as oportunidades de investimento em infraestrutura no Brasil. Com o mesmo objetivo, o Brasil promoverá rodadas de negócios com investidores em Nova York, na segunda-feira (2), em Frankfurt (Alemanha), na quarta-feira (4), e novamente em Londres, na quinta-feira (5).

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