O ex-presidente Lula (foto) deve ter um dia solitário hoje, em sua cela especial no quarto andar da superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. A única visita prevista é do advogado Cristiano Zanin, de sua defesa, que o acompanhou na viagem. As visitas de parentes do petista só deverão ocorrer na quarta-feira, conforme regimento interno da PF. Lula se entregou ontem à PF, em São Bernardo do Campo, após algumas horas de forte tensão, quando a militância do partido o impediu de deixar o prédio do Sindicato dos Metalúrgicos onde estava desde a quinta-feira. Ele, que não cumprira a ordem do juiz Sérgio Moro de se apresentar à Polícia Federal, em Curitiba, ao final da tarde de sexta-feira, se comprometera a se entregar ontem, logo após a missa em comemoração aos 68 anos de Marisa Letícia, sua mulher que morreu no ano passado. Após a missa o ex-presidente ainda participou de um comício improvisado à porta do sindicado tendo falado por quase uma hora, dizendo-se inocente e atacando o Judiciário e a imprensa. Voltou para o interior do sindicato, conversou com aliados e, no momento de se apresentar aos agentes da PF, foi impedido de deixar o prédio, o que só ocorreu após ultimato da polícia. Lula saiu a pé, driblando a militância, e entrou num carro da Polícia Federal. Foi levado até São Paulo, onde passou por exame de corpo de delito antes de embarcar para Curitiba no meio da noite. Do aeroporto Afonso Pena ele foi levado de helicóptero até a Superintendência da PF onde começa a cumprir a pena de 12 anos e um mês por crime de corrupção. Lula é o primeiro ex-presidente brasileiro preso por prática de crime comum.
Foguetes e buzinaços, a festa pela prisão
A notícia da prisão do ex-presidente Lula, após uma longa negociação para que ele se entregasse à Polícia Federal, foi recebida com foguetório e com buzinaço em várias cidades brasileiras. Em Belo Horizonte, as manifestações favoráveis à prisão foram observadas em diferentes bairros. Nas redes sociais a manifestação foi em forma de memes e mensagens em apoio ao juiz Sergio Moro e ao Ministério Público Federal. Em São Bernardo do Campo, manifestantes e apoiadores do ex-presidente Lula chegaram a bater boca com vizinhos ao prédio do Sindicato dos Metalúrgicos, com direito a ameaça de agressão.