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Meirelles fala em cortar as emendas parlamentares se reforma da Previdência não passar

O governo tem um argumento forte para convencer os deputados federais a votarem a favor da reforma da Previdência: ser obrigado a mexer diretamente no bolso, ou melhor, nas emendas parlamentares. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), disse que em algum momento vai faltar dinheiro e então terão que ser feitos cortes. E aí, mesmo as emendas parlamentares sendo um direito, elas também podem ser afetadas. “Se a reforma não for aprovada, o que vai acontecer? Em 10 anos a despesa da previdência que hoje é de 50% do orçamento, vai passar para 80%, e não vai ter dinheiro para saúde, segurança, educação, e também não vai ter para emenda parlamentar. Então isto aí é um problema”. Ou seja, em ano eleitoral, e com a limitação de recursos para as campanhas, as emendas passam a ter uma importância maior, já que elas são destinadas a obras nas bases eleitorais de deputados e senadores. Cortar esse recurso não é o que se pode chamar de uma boa notícia. O assunto foi levantado por Meirelles (foto) durante a sua palestra para empresários, políticos e representantes da sociedade, no primeiro Conexão Empresarial de 2018. O evento é promovido pela VB Comunicação, no espaço V, em Nova Lima.

 

Por enquanto dedicação total à reforma

 Meirelles que analisa a possibilidade de disputar à presidência da República, disse que no momento está 100% dedicado a sua função e só vai definir se vai mesmo entrar na disputa, no final do prazo de desincompatibilização, no dia 7 de abril. Até lá, vai continuar debatendo com os mais diversos setores sobre a necessidade de se fazer a reforma da Previdência. Para ele, o país viveu a sua mais longa crise econômica, decorrente de problemas fiscais que se prolongaram por 25 anos. Enfrenta-los foi fundamental para que o país voltasse a crescer. Após algumas medidas adotadas no governo Temer, o Brasil saiu da recessão e terá um crescimento consistente de 3% neste ano e por um longo período, segundo o ministro. Para ele, na medida em que são eliminadas as causas da crise, o país passa a ter condições de crescer e a reforma da Previdência é uma dessas medidas necessárias

 

Sem plano B

 Ele avisa que não existe um plano B e que essa reforma, mesmo com as modificações feitas até agora, terá que implementada porque o país não tem como arcar com os custos das aposentadorias e, quanto mais tarde ela for aprovada, mais drástica ela será. O maior foco de resistência, segundo Meirelles está entre os que perdem privilégios, mas é preciso enfrentá-los para as regras sejam iguais para todos. Um dos argumentos usados por ele, é o de que o Brasil é um dos países onde o trabalhador se aposenta mais cedo. No México, onde a situação é semelhante à do Brasil, a aposentadoria é aos 72 anos.

 

Conversando com empresários 

O ministro da Fazenda chegou à sede da VB Comunicação acompanhado da sua mulher, Eva Meirelles e após falar sobre a situação do país e da necessidade de se votar a reforma da Previdência, respondeu a indagação dos participantes do Conexão Empresarial.

 

Três ex-ministros assistem palestra de Meirelles

Três ex-ministros ouviram ontem a palestra do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na abertura do Conexão Empresarial deste ano, na VB Comunicação: Paulo Paiva, Roberto Brant e Arlindo Porto. Os três defendem a necessidade de se fazer as mudanças, que, para Roberto Brant, podem parar o país se não acontecerem no tempo certo. “Os deputados federais brasileiros só pensam neles e por isso resistem a enfrentar o tema”. Roberto Brant também critica os sindicatos que estão fazendo campanhas agressivas contra a reforma, usando da falta de informação da população para enganá-la, já que os únicos que perdem com a reforma são justamente os servidores que se aposentam aos 50 anos, com salários que chegam até R$ 30 mil, quando o teto salarial para o trabalhador é de R$ 5 mil. “Uma diferença absurda, que custa caro aos cofres públicos e que precisa ser corrigida”, segundo Brant, que foi o relator das mudanças na reforma da Previdência na Câmara Federal ocorridas no governo Lula.

 

Fala compreendida e bem recebida

O otimismo demonstrado pelo ministro em sua palestra, com muitos números que comprovam a evolução da economia, e nas respostas aos questionamentos dos presentes, encontrou eco entre os empresários. Para Salvador Ohana, da Klus, é inegável que a economia tem melhorado de forma sustentável, embora o seu ramo de atividade, da moda, venha recuperando mais lentamente. “O que percebemos é que o controle da inflação estancou a queda no setor que começa a crescer. Este ainda será um ano difícil, com Copa do Mundo, eleições e alguma insegurança política. Mas o ministro tem feito um grande trabalho”. Quem também concorda com a melhoria da economia é o diretor-presidente da Rádio Itatiaia, Emmanuel Carneiro. Para ele, embora Meirelles tenha pintado um quadro mais “cor de rosa” que a realidade, são muito boas as condições de aceleração do crescimento em 2018. Presidente da Abigraf/MG e do Sindicato das Indústrias Gráficas de Minas, o empresário Luiz Carlos Dias Oliveira, da Ibérica Editora Gráfica, é um entusiasta do trabalho do ministro da Fazenda que “fez uma palestra perfeita, apresentando números e projeções com clareza”. O empresário acredita que o Brasil estaria com sua economia em outro patamar se Meirelles tivesse permanecido na equipe econômica no governo Dilma. Prudente em sua análise, o vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac, da Rede Sustentabilidade, mas que iniciou sua carreira política no PT, afirmou que a palestra do ministro Meirelles refletiu a visão do governo sobre determinados problemas. Ele admitiu, porém, que a reforma da previdência é necessária para a estabilidade das contas do país e não escondeu preocupação com a situação dos gastos da PBH para manter o seu sistema de previdência, altamente deficitário. Ele reconheceu também que a situação financeira do município melhorou significativamente nos últimos meses.

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