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Ministro precisa preservar sua credibilidade

Sou, e não escondo isto, um admirador do ministro Paulo Guedes, profissional competente e, inegavelmente, uma pessoa preocupada com o futuro do país. Apoio, mesmo me confessando leigo em matéria de economia, a maioria de suas propostas e vejo que, com elas, poderemos, enfim, retomar o processo de desenvolvimento com mais segurança e de forma sustentável. A admiração que tenho por ele, e que é de parte da população, especialmente do empresariado, não me faz, no entanto, colocá-lo no altar das divindades infalíveis e que devem ser seguidas sem contestações. Ao contrário, como as propostas do ministro representam o pensamento de uma corrente política, não sendo, portanto, únicas, é fundamental cotejá-las com as defendidas por outras correntes para que se busque, no consenso, o melhor para o país. E isto exige tempo. Que pode ser maior ou menor, dependendo da seriedade com que se tratará a questão das reformas. Não vejo, por isso, legitimidade nas tentativas de pressionar o Congresso por aprovação rápida das reformas necessárias. Pressão como a do ministro Paulo Guedes que fixou um prazo de quinze semanas para que as mudanças sejam aprovadas e, pior, permitindo assim ao governo superar a crise na economia provocada pelo coronavírus. Apesar de toda a admiração e respeito pelo ministro, vejo nas declarações ou melhor, na pressão, um desrespeito à democracia e uma tentativa de transferir responsabilidades pela incapacidade do governo de até agora, como têm dito economistas e políticos, apresentar um plano sustentável para que o país saia da crise atual. Paulo Guedes precisa explicar com clareza a relação entre a não realização das reformas e a crise econômica. Precisa dizer por que, sendo tão importantes e urgentes as reformas, o governo ainda não enviou o projeto da reforma tributária ao Congresso e demorou tanto para enviar as demais. Precisa ser transparente e dizer ao povo quais são as consequências imediatas das reformas, que as tornam suficientes para superar a crise atual na economia. Todos sabemos e os doutores da área econômica reafirmam constantemente, que os efeitos das reformas são de longo prazo – sendo mais otimista de médio prazo – e que, certamente não mudarão rapidamente o quadro de nossa economia. Nem por isso devem ser relegadas a um plano político inferior. Ao contrário, devem ser analisadas, votadas e colocadas em prática com a rapidez possível, talvez não a desejada pelo ministro. Os temas são complexos, tanto que os técnicos do governo que deveriam ser doutores neles, demoraram muitos meses para elaborar uma proposta. Não se deve ficar culpando apenas o Congresso por nossas mazelas. Não se deve ficar culpando o Supremo por aceitar ações que contestam as reformas. Ambos cumprem o papel que a democracia lhes reserva. Exatamente como nas maiores democracias do mundo. São Poderes independentes, não simples homologadores da vontade do Executivo. Paciência e transparência, ministro. Não deixem que arranhem, nem arranhe a sua credibilidade. Ela é fundamental para o país.

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