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Não deveria ser assim, mas é o jogo

Paulo César de Oliveira
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Vamos começar uma nova semana de embates na política. Embates que em nada engrandecem seus protagonistas. Bem ao contrário, mostram que vivemos, e ainda vamos viver por um bom tempo, na era da mediocridade. Queixamos muito dos governos, mas é forçoso reconhecer que não é fácil administrar um país onde sua elite política vive à procura de benesses pessoais. Não, não se acusa aqui, de forma generalizada, os políticos de envolvimento com corrupção, desfalques. Benesses costumam ser, muito mais, pequenos favores, normalmente para atender os “cabos eleitorais” que carregam os candidatos nos períodos da campanha e que, para manterem prestígios em seus currais eleitorais, precisam destes apadrinhamentos. Daí que nos acostumamos a ver disputas acirradas por indicação para cargos nos diversos escalões do governo. Pessoalmente o ex-governador Hélio Garcia, das últimas raposas da política mineira, não gostava desta política de reivindicação de cargos, principalmente no governo federal. Segundo ele, mineiro quando ocupa cargo federal importante, “vira cidadão brasileiro e se esquece do estado”. Isto significa que, no cargo, os mineiros se enchiam de escrúpulos no atendimento das reivindicações do estado. Garcia fazia questão de dizer que entre os cargos e as verbas preferia os recursos. E pelo menos em seu primeiro mandato conseguiu seu intento. O deputado Fábio Ramalho, do PMDB, primeiro vice-presidente da Câmara Federal, parece que aprendeu a lição. Depois de ver preterido o candidato de sua legenda em Minas para o Ministério da Justiça, juntou a bancada e elaborou uma extensa lista de obras para as quais cobra recursos da União. Abre mão do cargo em troca das obras o que, em termos de votos, deverá, com certeza, ser muito melhor do que um cargo no ministério, ainda mais numa situação tão complicada como vive atualmente a área. Liberação de recursos pode ser também, e normalmente é, uma boa maneira do governo de conseguir votos necessários ás suas propostas no Legislativo. Não deveria ser assim, mas, infelizmente é como as coisas funcionam no país. Tomara que Temer encontre uma mina de dinheiro para liberar os recursos necessários à aprovação dos projetos de reforma. Será compra de votos? Claro, mas pelo menos por uma causa justa. Lamentável mas verdadeiro.

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