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Blog do PCO

O jogo eleitoral já começou a ser jogado

O que é possível esperar de um Brasil sobre os palanques? Pior, um país vivendo uma epidemia e assistindo indiferente, mostram as pesquisas, a retomada das práticas políticas que prometeram, diante das urnas, extirpar definitivamente. Com ainda mais força e volúpia, está de volta a política do “toma lá, dá cá” de um “centrão” que novamente se mostra competente na defesa de seus interesses e de seus financiadores. Uma competência que está escorada, que não tentem negar, na semelhança entre os seus membros e os seus eleitores. Sim, os parlamentares do “centrão espertalhão” são a cara de seus eleitores e se comportam como tal, daí a força que têm, acuando governos de todos matizes ideológicos. Mudam casaca exatamente como o eleitor, dependendo do que lhes é oferecido. Ao eleitor bastam R$ 600 – muito num momento de necessidade – para mudar o ângulo de visão em relação aos governantes. Ao centrão a liberação de algumas emendas, que possam garantir votos e de alguns cargos, que assegurem a presença de aliados em postos importantes para seus interesses eleitorais, são suficientes para fechar acordos em “nome do país”. O eleitor votou dizendo que queria acabar com isto, mas escolheu os mesmos de sempre ou, quando muito, trocou os nomes sem trocar as práticas. Acuado pelas denúncias contra familiares – algumas até contra ele mesmo- e pela crise econômica, o presidente resolveu tirar o véu e aderir às regras do jogo. Culpado por isso? Não, não se pode dizer isto. Bolsonaro não tem outro caminho a seguir. Ou aceita o jogo ou paga o preço do enfrentamento. Falta-lhe carisma – esta história de mito é discurso de fanático- para liderar as mudanças que trovejou durante a campanha e que, mesmo necessárias ao país, são de difícil aceitação pela população, ou por grupos mais influentes desta população. A questão é saber o preço futuro deste recuo. Certamente o presidente, de imediato, estanca a sangria política, mas, por outro lado, abre fissuras em sua base de apoio. Cresce sua base política, mas sua base popular perde na qualidade dos apoios, embora cresça em número. Pragmático o presidente sabe que neste momento, necessita mais de números do que de qualidade dos aliados. Na urna vale o número e é com eles que, se necessário, irá confrontar com a qualidade dos apoios. A perda do presidente será, ou já é para alguns analistas, entre os que acreditaram em seu discurso liberal, no discurso de redução do Estado e num programa de combate à corrupção e estão vendo tudo isto ameaçado pelo populismo, bem ao estilo do que impera em outros países da América Latina, disfarçado em desenvolvimentista, como preferem alguns civis e militares da base de apoio e do governo do presidente. Isto, não tenham dúvidas, vai funcionar num primeiro momento. Com a mudança, o presidente Bolsonaro ajuda seus aliados nas eleições municipais, desidrata o petismo, protege a família e se fortalece para 2022. Mas isto agora. Quanto terá que pagar pela reeleição? A turma da velha política já pegou o jeito de lidar com o presidente. Basta forçar que a porteira abre. E porteira onde passa um boi, passa uma boiada. Mas não pensem que apenas o presidente está sendo obrigado a se render à velha política coisa que ele, fora dos discursos, sabe administrar com alguma maestria, como está demonstrando. O mesmo esquema vale para os governadores, inclusive os marinheiros de primeira viagem. Estamos às vésperas das eleições municipais, de interesse direto dos deputados- federais e estaduais, pois mexem diretamente com suas bases. E aí é os governadores, onde buscam recursos, obras e nomeações, que eles pressionam. É a velha troca. Como o presidente, governadores já negociam o palanque de 2022. E a hora é de ceder. É assim que a roda política gira. Alguma dúvida? Querem mudar esta realidade? Cobrem primeiro do eleitor.

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