O governo interino do presidente Michel Temer trabalha com estimativa de déficit primário de R$ 170,5 bilhões para 2016. A projeção é quase o dobro do déficit de R$ 96,7 bilhões informado em fevereiro pela equipe econômica da presidenta afastada Dilma Rousseff. O Congresso Nacional, agora, precisa autorizar que o país encerre as contas com déficit. Na hipótese de o Congresso Nacional não aprovar até 30 de maio a meta fiscal para 2016 o governo terá de fazer um contingenciamento extra de R$ 137,9 bilhões. O corte seria adicional ao de R$ 44,6 bilhões já anunciado. Portanto, o contingenciamento total somaria R$ 182,6 bilhões. A meta fiscal vigente no momento para o governo federal é superávit de R$ 24 bilhões. Incluindo estados e municípios, sobe o superávit para R$ 30,55 bilhões. Os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Romero Jucá, deram a informação em coletiva de imprensa. Na quinta-feira, Jucá havia informado que a nova meta só seria anunciada na segunda-feira (23), mas o governo adiantou a informação. Hoje, por lei, tem de ocorrer a divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, documento bimestral de publicação obrigatória, até o dia 22 de cada mês.
Temer quer mostrar pessoalmente ao Congresso o rombo nas contas
O presidente interino Michel Temer (foto) decidiu ir ao Congresso Nacional na próxima segunda-feira entregar pessoalmente a proposta de nova meta fiscal para este ano, com previsão de déficit de R$ 170,5 bilhões. Temer se reuniu com a equipe econômica antes de o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciar ontem os números. Após apresentar a proposta ao Congresso, o presidente interino dará uma entrevista coletiva, a primeira desde que assumiu a Presidência da República. A decisão de ir ao Congresso foi tomada por Temer na tentativa de demonstrar respeito ao Legislativo, a quem cabe votar a nova meta, e sensibilizar os parlamentares sobre a necessidade da aprovação de medidas econômicas importantes para o novo governo, a começar pela meta fiscal. Na entrevista, Temer será acompanhado por quatro ministros. O objetivo, segundo o Palácio do Planalto, é apresentar ao país uma análise “realista” dos números que recebeu da gestão da presidente afastada Dilma Rousseff. Além de Meirelles, participarão da entrevista os ministros do Planejamento, Romero Jucá; da Casa Civil, Eliseu Padilha; e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.