O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (foto), disse ontem, durante anúncio de financiamentos ao agronegócio, que a crise observada na política não está afetando a recuperação da economia. “Embora haja naturais questionamentos de que a crise política esteja afetando a economia, não há evidências disso. Evidência é o que interessa na economia, são números, são fatos. Muitos insistem em lutar contra os fatos revelados nos dados econômicos”, disse Meirelles. O ministro apresentou uma série de dados para mostrar que, apesar das turbulências na política, os agentes econômicos tem reconquistado a confiança, mantendo a economia em trajetória de recuperação. O principal dado destacado por Meirelles foi a recuperação na produção industrial de bens de capital, que cresceu 3,5% em maio em relação ao mês anterior, segundo os dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Bens de capital são aqueles utilizados para a produção de outros bens, indicando um investimento para um aumento ainda maior de produção. “É um sinal importante, sinal de que o item que levou o país à recessão, recessão que levou a uma queda da confiança e consequentemente a uma queda do investimento, agora começam a crescer”, disse Meirelles. Ele citou outros dados que indicam recuperação futura da economia, como o aumento das encomendas de papelão ondulado, utilizado em embalagens, que cresceu 13,8% em junho, comparado ao mês anterior, segundo o ministro. “Esse ciclo de crescimento é para valer, não é um crescimento circunstancial, baseado numa bolha de crédito que leva a uma elevação do consumo e depois a uma queda. Ao contrário, leva ao crescimento do investimento”, afirmou Meirelles. O ministro disse esperar que o desemprego volte a cair a partir do segundo semestre. “É o último indicador a reagir”, afirmou.
Empresários divergem
A análise otimista do ministro quanto a influência da crise política na economia divide empresários mineiros. O presidente da Federação das Indústrias de Minas, Olavo Machado Júnior, discorda. “Acho que é um bom mote do ministro da Fazenda, mas a grande realidade é que há influencia, e muito. O que nós estamos passando aí, talvez seja por omissão de nós empresários, que não enxergamos aquilo que estava sendo feito pelos políticos. Mas não concordo com ele. A política influencia e muito. Se não tem problema, porque ele não baixa os jutos, por que os juros estão nas alturas se está tudo andando bem”. Um de seus vices na entidade, Alberto Salum, que presidiu o Sicepot-MG, sindicato da construção pesada, concorda em parte com a análise do ministro”. Nesse momento o país está blindado na parte econômica. Mas entendo que o país, em termos de previsibilidade, de segurança ele macula quando a crise política vem a tona. Não adianta a gente falar que uma coisa não mexe com a outra. É óbvio que mexe, tanto que o que se está sendo dito é que independente de quem fica, o Henrique Meireles continua. Todos queremos que isso ocorra, mas sem essa crise política.