Logo
Blog do PCO

O tempo vai ficando curto para Bolsonaro se explicar

Faltam duas semanas para a posse do presidente Bolsonaro (foto). O tempo vai ficando curto para que ele cobre do filho Flávio explicações sobre o estranho comportamento de seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, acusado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, de movimentar mais de R$1,2 milhão em suas contas bancária, valor incompatível com sua renda. O dinheiro, rastreado pelo COAF, vinha de contas de outros assessores do então deputado estadual, numa velha prática dos parlamentos brasileiros. Nomeia-se assessor em cargos com salários mais elevados para que ele devolva ao político parte do dinheiro. Prática antiga, mas criminosa. Como se não bastasse esta denúncia, vão surgindo outras, como a de outro assessor de Flávio, tenente-coronel Wellington Sérvulo, que passou 248 dias na Europa, em viagem pessoal, recebendo normalmente os seus salários na Assembléia. Para piorar, os dois são ex-militares, situação que deu a Bolsonaro a áurea de incorruptível e paladino da moralidade. O próprio presidente eleito, durante a campanha, deixou de esclarecer, de forma cabal, a denúncia de que uma assessora de seu gabinete em Brasília, recebendo salário na Câmara Federal, trabalhava vencendo açaí em praia do Rio de Janeiro. O assunto “morreu” sem qualquer explicação crível. Situações assim, com algum cheiro de corrupção, por menor que elas sejam, não podem pairar sobre alguém que se diz disposto a combater os corruptos e moralizar o país. Simplesmente porque minam a imagem de seriedade e honestidade, fundamentais para quem se diz disposto a enfrentar tal empreitada. Não, não seja se trata da credibilidade popular. Povo não é mesmo muito ligado nestas coisas e aceita quase tudo. Considera normal, “coisas da política”. O risco maior está no enfraquecimento diante das velhas raposas políticas que sabem, e como sabem, esperar o momento para dar o bote. Não que haja riscos de um golpe contra o presidente. O risco é de que se transforme em reféns dos que o defendem e, com isso seja obrigado a ceder. A este tipo de golpista interessa mais fazer um “condomínio no poder” do que correr o risco da substituição de um político enfraquecido pelos seus próprios erros. O tempo é curto, mas suficiente para que Bolsonaro esclareça tudo de forma convincente e aponte culpados reais. Mesmo que sejam muito próximos deles.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *