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Os eleitos não sabem, mas já governam. Por isso, cuidado com as palavras

É até com certa frequência que recorro à sabedoria popular para explicar com mais clareza os fatos e os momentos políticos. Para explicar o atual momento político do país, não encontro outra pérola da linguagem popular: nossos políticos estão como cachorros que correm atrás do carro. É exatamente isto. Os cachorros latem, latem até que o carro pare. Aí, com medo e sem saber o que fazer, ficam sem graça, murchos mesmo, e se recolhem. Antes que algum politicamente correto rosne, esclareço que não estou comparando nossos amados políticos aos cachorros. Uso apenas uma figura da sabedoria popular sobre os que, políticos ou não, lutam, brigam por algo e, ao conquistar o que buscavam, não sabem como agir, como usar ou mesmo como conviver com ele. E é exatamente o que tem acontecido com os eleitos em outubro. Com raras exceções, estão com um “brinquedinho”, objeto de desejo na mão, e não sabem o que fazer. Mostram que queriam, mas que não se prepararam para tê-lo. Deixam claro que não tinham projetos ou programas. E ficam a repetir promessas absurdas, a fazer ameaças, como transformar em museu da mordomia um palácio de uma pobreza de assustar Jó, ou ordenar a atiradores de elite que atirem, “na cabecinha” do alto de um helicóptero, em quem estiver portando, lá embaixo, um fuzil, considerado arma de guerra. Ou então sair acusando e anunciando medidas mal pensadas que resultam em desconforto com parceiros internacionais ou, concretamente, em prejuízo para a população mais carente, que dizem defender, como no imbróglio dos médicos cubanos. Os eleitos precisam entender que não estão mais em palanques virtuais, onde se lambuzaram na campanha. As bravatas já lhes renderam os votos de que precisavam para vencer nas urnas. Agora, elas geram desconfiança e muitos problemas. Problemas que prejudicam o país e que, muitas vezes, demoram a ser superados, quando são superados. Eleitos precisam entender que as inconsequências de palanque não podem continuar. Precisam compreender que o que dizem agora tem mais força do que o dito por quem está no exercício do poder, no final de mandato. Afinal, diz a sabedoria popular na política mais vale a expectativa do poder do que o poder em seu final.

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