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Paiva acredita em ambiente político mais favorável para aprovação das reformas

O país tem dificuldade em sair da crise econômica iniciada no governo petista e depende da reforma da Previdência e de outras medidas para atrair o investidor brasileiro e internacional. As dificuldades são grandes, principalmente em se tratando de Minas Gerais. O ex-ministro Paulo Paiva (foto) acredita que o ambiente hoje é mais favorável para a aprovação da reforma do que nos governos anteriores, mas depende de apoio popular, porque os mais afetados, no caso os servidores públicos, têm poder de pressão, estão em Brasília e nos gabinetes dos congressistas.

 

O presidente Jair Bolsonaro está agindo, como prometeu, para recuperar a economia do país?

Acredito que há um aspecto muito importante em que os dois pilares da administração dele deram passos muito importantes ao encaminharem ao Congresso Nacional, tanto o projeto de reforma da área de segurança, o pacote anticrime, como o projeto de reforma da Previdência. Eram dois pontos essenciais na sua proposta de governo. Ele foi candidato e defendeu muito claramente essas duas coisas. Queria fazer uma mudança na área de segurança, tanto que levou para lá o ministro Sergio Moro. Na economia, ele queria fazer uma gestão que enfrentasse essa questão complexa e convidou um economista muito qualificado, que é o Paulo Guedes e os dois, Guedes e Moro, entregaram os projetos que agora estão no Congresso Nacional. Por esse ponto de vista, ele fez o que se propôs com uma rapidez maior do que outros governos.

 

A aprovação dessas matérias tende a ser rápida também?

Eu não penso dessa forma. Há um clima em relação especificamente à reforma da Previdência. Há um clima mais favorável à reforma da Previdência do que houve com Temer, com Dilma e -no governo Lula eu estava fora e acredito que foi do mesmo jeito- no governo Fernando Henrique, que eu acompanhei. Há um certo clima mais favorável em relação as medidas. Acho que ele tem alguns desafios e, do ponto de vista da Previdência, o desafio não é simplesmente ele coordenar e organizar a base de governo, que é um desafio grande, mas, principalmente, enfrentar a pressão das corporações do setor público que estão muito presentes em Brasília e estarão muito presentes nos gabinetes e nos plenários do Congresso. Acho esse embate não é trivial e é bastante sério se olharmos a dificuldade que os outros tiveram e pararam aí. Por outro lado, acho que ele precisa ganhar a opinião pública.

 

Ele vai precisar do apoio popular para pressionar os congressistas?

Sem pressão da opinião pública será difícil. Acho que essa é uma outra questão que será importante. Ele terá que explicar claramente para a opinião pública. Mostrar a importância da aprovação. Ele tem um projeto que, do ponto de vista da sua concepção, a meu juízo, está muito bem elaborado, porque toca em questões cruciais, não simplesmente em reduzir a reforma a uma questão fiscal. Ele tem uma outra dimensão importante, que é da equidade, que é mexer no lado do setor público, onde estão as maiores resistências e onde tem a mudança mais profunda. Ajuda muito se o projeto de lei da reforma dos militares chegar logo ao Congresso, antes dessa votação. Isso ajudaria muito na formação da opinião pública, na confirmação do aspecto de equidade.

 

Muitos estão de olho nas privatizações. Pelo que o governo sinalizou até agora, ele pretende realmente diminuir o tamanho do Estado?

Ele está disposto a reduzir o tamanho do estado, senão Paulo Guedes não estaria no governo. Paulo Guedes tem uma visão mais radical em relação a essas questões. Ele tem uma clareza muito grande de que o Estado inibe o crescimento da economia brasileira e, além disso, o Estado gera desigualdades. Em relação as privatizações esse é um processo mais customizado, é caso a caso, não é como a reforma que você trata em um projeto e manda para o Congresso. Nas privatizações tem de se tratar de caso a caso. Tem privatizações que é o governo transferir ativos dele para a iniciativa privada e tem outros que são concessões, que é o governo fazer concessões de serviços que o governo faz para a participação da iniciativa privada. Não tenho dúvida nenhuma se esse governo avançar bastante e conseguir fazer a reforma da Previdência, o apetite do setor privado para investir no Brasil é muito grande, tanto no que diz respeito a capital externo, como interno. Isso vai depender muito do avanço que pode ser feito.

 

Em relação a Minas Gerais: Minas Gerais tem jeito?

Jeito tem, mas é difícil. Não é feito de uma hora para outra. Não é cobrar do Zema como se ele tivesse em um governo equilibrado. Ele está em um governo onde as receitas são inferiores as despesas. Ele precisa avançar em um acordo com o governo federal para retirar o peso das transferências do Estado para a União, do acordo da dívida anterior. Tem a reforma da Previdência e uma série de coisas que precisam ser feitas, porque tecnicamente, o governo está falido. Precisamos ter muita paciência e dar apoio ao governador. A questão não é político partidária. É de salvar o país e salvar Minas Gerais.

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