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Para Tancredo, eleição é coisa para profissionais

Quando, em agosto de 1984 renunciou ao governo de Minas para disputar, no Colégio Eleitoral, a presidência da República, no ano seguinte, Tancredo foi sucinto ao responder a uma provocação de seu adversário, Paulo Maluf. “A hora agora é dos profissionais” desdenhando do comportamento de seu adversário que vivia acusando os que não o apoiavam, preferindo o oposicionista. Tancredo preferiu não fazer opções, exceto, claro, aos que sabia serem visceralmente contra seu programa. Diretamente, ou através de aliados de sua absoluta confiança, como o ex governador Hélio Garcia que, o sucedeu no governo de Minas, articulou tirando dos cargos de maior força política, evitando dar poderes a quem poderia conspirar. Acabou formando uma equipe com muitos técnicos em postos estratégicos e políticos onde precisaria. Morreu deixando uma equipe e uma lição para Sarney, que, mesmo enfrentando a agitação de uma constituinte governou em paz relativa. Isto só foi possível porque os fundamentos do acordo foram costurados previamente, com cada grupo sabendo com antecedência os espaços e as propostas que poderiam defender, com o apoio do governo e dos blocos aliados. Se isto é bom, ou não, é coisa para ser discutida com mais profundidade. Mas neste momento o que se sabe é que, eleitoralmente, é péssimo o distanciamento a briga, as acusações. Elas vão custar muito mais caro do que a conversa agora. Num quadro partidário podre, viciado, sem sustentação ideológica, entendimentos são feitos nos balcões de negócio, onde tudo fica mais caro, mais difícil, quanto mais raivosos forem os discursos dos candidatos que, na ânsia de enganar o eleitor com afirmativas de que o problema do país é falta de autoridade, de braveza, não de liderança, buscam um enfrentamento que sabem perdido. E não se iludam que esta é uma batalha perdida por qualquer candidato ou governante. Que o digam, por exemplo, Collor e Dilma. Sem apoios de todos os lados- os partidos não existem, ninguém governa. A verdade que vale para o presidente vale também para os que disputam os governos estaduais. Que ninguém pense ser possível lançar candidatos sem conseguir formar as alianças mais impossíveis em termos imaginários, verdadeiro casamento de “tatu com cobra”, no dizer de um ex-governador de Minas. O que já era indispensável, ficou ainda mais importante agora como dinheiro curto das campanhas. Os candidatos ao Executivo, e até mesmo ao Senado, não vão poder abrir mão da rede de cabos eleitorais dos candidatos a deputado. Se o eleitor gosta de eleger quem estará no grupo de apoio ao governador – basta conferir o número de parlamentares que, sem qualquer cerimônia adere ao governo após ser eleito como oposição – uma eleição tão louca assim, a tendência é que o muro fique cheio de candidatos. Brigando com os partidos, então, será ainda pior.

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