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Blog do PCO

Perdemos a capacidade de dialogar

Governar é buscar consenso. E nós, pelo visto, perdemos esta capacidade. Capacidade que tiveram, por exemplo, Castelo Branco e Geisel, no regime militar, que souberam fazer valer suas convicções sem demonstrações de truculência e com diálogo. Construir consenso como fizeram, por exemplo, Ulisses e Tancredo que foram firmes em suas posições, enfáticos em suas palavras, mas sem a agressividade própria dos autoritários e sem firmeza de convicção. Como anda fazendo falta entre nós, lideranças, em todos os segmentos, com capacidade e disposição para o diálogo. Com grandeza para ceder quando isto significar o interesse maior do povo. Lideranças que tenham a grandeza moral para aceitar que todos erram e compreender que isto é consequência natural dos embates políticos e que insistir no erro é resultado de um autoritarismo descabido e próprio dos pobres de espírito. Vivemos hoje o pior momento de nossa história recente. Nossas chamadas “lideranças” se mostram absolutamente desprovidas de compromisso com o diálogo. Pela arrogância, arma dos despreparados, destroem qualquer possibilidade de construção de consenso. Incapazes de se sentarem à mesa para o confronto de ideias e a construção de um caminho comum, se valem das redes sociais para arrotarem competência que não têm e autoritarismo que têm de sobra, deixando de lado os interesses do país e se amesquinhando na sorrateira defesa de interesses inconfessáveis, não raramente sórdidos. Esta guerra das vacinas está expondo com crueza esta face da nossa forma de fazer política atualmente, arrastando a população para o desespero e a insegurança, enquanto nos aproximamos das duas centenas de milhares de mortos e dos sete milhões de atingidos por um vírus sobre o qual pouco sabemos e que vai continuar nos dominando enquanto não formos capazes de usar, a nosso favor, aquilo que nos diferencia dos outros animais: a capacidade de dialogar e encontrar consenso.

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